PARA QUEM AMA GATOS

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quarta-feira, 30 de setembro de 2015

"Verdades Secretas": Angel matou Alex por amor


Tenho visto tantos comentários - positivos e negativos -,  e até "crise de abstinência", devido ao término  da novela Verdades Secretas, que senti vontade de me mexer na cadeira e escrever minha simples opinião sobre o emblemático último capítulo da obra.
Não, não me perguntem sobre Fanny ter terminado numa boa, sem pagar pelo crime de levar adolescentes a fazer "book rosa", arrumando até mesmo um novo garotão a quem pudesse dominar através do dinheiro; Anthony e  Giovanna terem ido, dentro de um triângulo amoroso, para Paris, com a frieza e o egocentrismo típicos; sobre o próprio "book rosa", se acabou ou não; Larissa ter se libertado das drogas; sobre Visky e Lourdeca só ficarem juntos quando estão bêbados; Pia, por largar seu apego à riqueza e aceitar uma vida menos exuberante ao lado de seu "namorido" Igor; até mesmo o fato mal explicado que uma  arma de um crime fatal não tenha sido retida pela polícia e volte para a mesma casa onde ocorreu a tal fatalidade.
Nada disso. Meu papo reto vai ser sobre o amor, esse "sujeito" tão rarefeito  no perfil da maioria dos personagens desta ficção.
O amor é estranho, bem estranho, e tem um caminho muitas vezes torto para fazer valer. É o maior dos sentimentos que um ser humano pode ter, e é tão perfeito, que o axioma de nossa existência é exatamente esse: só é considerada PESSOA aquela que verdadeiramente ama alguém ou algo.
Angel era uma pessoa, no sentido real da palavra: ela amava!
Para entendermos o sentimento da moça, é necessário se fazer um pequeno retrospecto de sua trajetória como garota humilde do interior, até sua consagração como modelo. 
Carolina, a mãe de Arlete (Angel era o seu nome artístico, todo mundo lembra disso) fora traída pelo marido, que tinha uma nova esposa e filha, a pequena Yasmim.
A ainda adolescente de 16 anos, Angel, sempre quis ser modelo, e a sua oportunidade chegou, quando ela e a mãe se mudaram para a casa da avó na capital de São Paulo. Foi agenciada por Fanny e imediatamente chamou a atenção por sua beleza e carisma. 
A avó passava por problemas financeiros. Logo Angel aceitou algo que tanto recusava, que era  o famigerado "book rosa", aquele onde modelos aceitam fazer programas com clientes que pagam pequenas fortunas.
Quitou a dívida da avó. E aconteceu o imprevisto: apaixonou-se pelo seu cliente, o Alex.
O empresário Alexandre Ticiano, mais conhecido por Alex, rico, despótico, egoísta e um pedófilo, trazia em sua personalidade um gosto por modelos bem jovens, ao ponto de considerar mulheres de 26 anos, por exemplo, como "velhas".
Por algum motivo ficou obcecado pela garota interiorana e a recíproca era verdadeira!
Não demorou muito, e a avó descobriu que a neta fazia programas. Enviou a garota, imediatamente, para a casa do pai no interior do estado, sem que a filha Carolina soubesse o motivo genuíno.
Lá ela conheceu a nova mulher do pai e a sua irmãzinha Yasmim, um doce de criança que até uma flor lhe ofereceu, quando Letinha - Angel -, entrou em seu quarto.
Muitos percalços passou a adolescente. Já tinha namorado Guilherme, mas nunca sentira amor por ele (seu carinho era mais por ter sido o rapaz, o primeiro homem de sua vida). Não pôde mais exercer a profissão de modelo, condição imposta pela avó para não se envolver novamente em "romances pagos". 
Voltou para casa.
Algum tempo depois, estava nas passarelas novamente, e novamente  envolvida com Alex.
Uma acusação de estupro de uma colega de profissão, porém, a afastara do cara que tanto a atraía.
Alex armou um casamento com Carolina, só para ficar mais perto da moça.
E conseguiu. Afastada a suspeita de estupro, Angel largou-se nos braços daquele sujeito que a envolvia como ninguém conseguia, a despeito de correr um risco grande de magoar a própria mãe,  se um dia os flagrasse juntos. Esse é o caso que podemos chamar de traição dupla, tanto da moça quanto do marido, sendo que a primeira era ainda mais dolorosa.
É claro que esse dia teria que acontecer, mais cedo ou mais tarde.
Carolina, que sabia atirar muito bem, ameaçou matar Alex, ao ver o casal na cama. Angel se jogou na frente dele para que a mãe não o fizesse, alegando que o amava.
Ao descer as escadas, na cozinha, Carolina deixou uma carta-despedida para Letinha, dizendo que fosse feliz e que amava muito a filha. Matou-se após escrever a tal carta.
Angel sofreu muito; Alex, nem um pouco
Para a casa no interior que a moça retornou, foi morar com o pai, sendo procurada pelos dois homens que tanto a cortejavam: Guilherme, e depois, Alex.
Naturalmente que a presença de Alex que mais a interessava, fosse qual fosse o motivo.
E é aqui que vem a maior demonstração de amor da modelo - na minha simples opinião, ressalto outra vez - quando, num passeio de lancha, Angel descarrega seis ou sete tiros no homem que ela protegeu das balas que a sua mãe  teria desferido.
"Como assim? Não é coisa de maluco matar logo alguém que se protegeu da morte? E quem ama, não mata...", alguém pode dizer. 
"Mas ela matou Alex por arrependimento já que a sua mãe se suicidou por causa do casinho dos dois... Ela matou por amor à mãe!", outro diria em resposta.
"Angel é sociopata! Todo o tempo ela só pensava nela, nunca teve amor a ninguém e ainda mataria mais gente...", uma das referências que mais leio sobre a adolescente.
Ela amava, sim. Mas não foi por amor à  mãe, muito menos por Alex, que a garota lançou tantos tiros no amante.
A modelo, que tinha sonhos comuns, como ter dinheiro, ser famosa e casar, coisa que a maioria de nós possui, trazia no seu coração um amor tão lindo e sublime que muitos de nós, infelizmente, não sente: o amor pela sua irmã Yasmim.
Foi por amor fraternal que Angel matou Alex!
A moça não era o tipo da mana grudenta, que visitasse a garotinha, mas ela sempre amou a menina, do jeito dela. Quando a conheceu, disse-lhe que a pequenina era linda e as duas formaram um laço de imediato. Nos poucos momentos juntas, víamos uma Angel dedicada, sorridente, condescendente, oferecendo pão e leite no café-da-manhã (conferimos isso no último capítulo), na típica preocupação da irmã mais velha. 
Por mais incrível que possa parecer, Angel não amava a ninguém, nem mesmo sua mãe, avó e o próprio Alex. Apenas gostava; não era amor. 
Percebemos que não se tratava do sentimento nobre o que sentia pela mãe, devido ao quase nada de arrependimento por traí-la debaixo do mesmo teto onde viviam; não amava a avó também. Mesmo sabendo de sua doença, não permaneceu ao seu lado até a sua morte. Um pouco mais perto de amor sentia por Alex,  mas era mais atração física do que qualquer outra coisa porque, em momento algum, fizera grandes sacrifícios para tê-lo.
Quando Guilherme a pedira em casamento, Angel disse que resolveria umas coisas antes. Se o aceitasse, seria para sempre.
As tais "coisas" na ordem do dia para ela, era esperar Alex procurá-la. Se ele fosse, veria o que faria (sim, planejava vingar o suicídio da mãe, mas não seria propriamente matando o amante) ou talvez, simplesmente, ficasse com ele.
Havia um semblante de prazer terno, não perverso, no momento que ele a visitara, finalmente, na casa do pai. Ficou sorrindo labialmente, como uma menina contente que receberá algum brinquedo. Manteve essa postura encantada, enquanto o ouvia dizendo que a levaria e pagaria os seus estudos, assim sendo, dando continuidade a sua educação, como a mãe dela tanto queria. 
Sua fisionomia mudou radicalmente, ficou séria, no entanto, na menção que Alex fizera de que também cuidaria da pequena Yasmim e lhe daria a mesma educação que propusera à Angel.
Angel sabia que tipo de "educação" que o empresário lhe proporcionaria com o tempo: muitas joias, muito dinheiro, uma vida de luxo, desde que a garotinha tivesse sexo com ele.
Vejamos: Alex não gostava de "velhas". Quando Angel estivesse com seus vinte e dois ou vinte e três anos, ele a deixaria. Yasmim, nessa época, estaria com uns quatorze ou quinze, já no "ponto" que ele tanto gostava.
O autor Walcyr Carrasco, inteligentemente, não deixou a modelo chegar à idade adulta. Terminou a novela, tendo ela dezessete anos. Era ainda objeto de gosto de Alex. Mas... Até quando seria? 
Repito: por amor à irmãzinha, Angel matou Alex
Ela não queria que a menina seguisse pelo mesmo caminho. No fundo, a modelo jamais aceitou o fato do seu amante só querê-la pela pouca idade e beleza. Não era tão ingênua assim ao ponto de desconhecer que esse tipo de atitude por parte dele é crime. O modo estranho que arquitetou de evitar que isso acontecesse à garotinha, seria eliminando aquele pervertido. 
A vida de Alex até seria poupada, se ele não propusesse a "educação" para Yasmim. Foi exatamente naquele momento que a modelo decidiu o que faria com o empresário.
Numa lancha de nome bem sugestivo - Gênesis -  Angel recomeçaria a sua vida.
No casamento com Guilherme,  seu ar enigmático talvez quisesse dizer que o dinheiro não compra tudo, que o amor de verdade por algum ser é ainda o que vale a pena, coisa que Alex jamais entenderia.
Ao afirmar com a já esposa Angel que a faria feliz, Guilherme ouviu dela a seguinte resposta: "Eu já sou feliz, muito feliz!"
Naturalmente uma referência ao bilhete que a mãe deixara, que a induzia a esse estado de vida, de felicidade, algo que todo mundo almeja ter.
Ela estava  mesmo em plenitude porque tinha conseguido proteger o seu amor.
A pequena Yasmim não passaria pelo o que ela passou pois agora Angel poderia lhe dar educação de verdade, proteção, dinheiro para fazer o que quisesse e teriam laços fraternais enquanto vivessem.
Mesmo que de maneira esquisita, enviesada, Verdades Secretas foi uma história de amor.
Bem, pelo menos é a conclusão que mais vejo sentido...

(Imagem:
Fonte desconhecida)

domingo, 27 de setembro de 2015

Resenha de "Bellini e o Labirinto" - Tony Bellotto



Uma grata surpresa obtive, digo logo de cara, quando terminei de ler o livro do titã Tony Bellotto, Bellini e o Labirinto.
A surpresa se dá porque, apesar de saber o quão culto Bellotto é ( ao assistir Afinando a Língua na TV Futura, que ele apresenta, percebemos isso), não esperava que conseguisse segurar a barra de escrever, com desenvoltura, um romance detetivesco. Não adianta: falou de detetive, é Agatha Christie que nossa mente traz à baila.
No entanto, já nas primeiras linhas encontramos um personagem coeso e bem definido, no sentido de dizer "a que veio", que tão bem faz ao leitor para situá-lo no que o espera num determinado texto.
E "compramos a briga" do detetive Bellini.
Não farei spoiler, naturalmente, mas devo esclarecer que a história gira em torno de um sequestro de um dos irmãos da dupla sertaneja fictícia Marlon e Brandão (o sequestrado foi Brandão), que coloca o investigador no labirinto que dá nome à história.
Quando penso que o músico, doublé de escritor Tony Bellotto, irá se perder na própria armadilha que criou (imaginei que se afundaria naquele labirinto e não saísse mais de lá), eis que pega as amarras de sua escrita e coloca quem lê, de volta ao interesse inicial, que é desbravar o mistério do sequestro.
Jogada de mestre de Tony, ao arremessar no nosso colo, algumas conclusões as quais nos é permitido chegar. Eu, particularmente, adoro raciocinar com o investigador encarregado de algum crime, sobre as supostas saídas para qualquer que seja o "labirinto" literário.
Uma leitura fácil e gratificante temos em mãos.
Não corre dos clichês, porém, a ficção. Bellotto, que não é bobo nem nada, tentou ser o mais fiel possível ao filão do personagem emblemático tão presente em trabalhos neste gênero. Remo Bellini é desbocado, sarcástico,  beberrão, mulherengo, solitário e... excêntrico . Ele está certo. Como mudar a "ordem natural" dos grandes pesquisadores criminais da literatura, depois que os mestres Agatha Christie e Arthur Conan Doyle  "impuseram" a maior das características, que é a excentricidade?  Hercule Poirot e Sherlock Holmes possuem essa prerrogativa tão festejada do bom detetive. Talvez também o escritor brasileiro quisesse dar um aspecto macho ao texto, algo meio que maniqueísta de que seres do sexo  masculino têm que ser subversivos, esquisitos... Aquela espécie de neura, de quase todo escritor homem,  de querer provar para o público, que seu texto não tem alusão a "frescuras" femininas, como sentimento e sexo monogâmico. Sendo bem underground, ele pode ser lido por qualquer pessoa, em qualquer lugar sem susto.
Nem o excesso de referência a músicas estrangeiras no gênero favorito do personagem central (ele adora blues), tirou o brilho da história. Confesso que a não brasilidade das canções mencionadas, me angustiou um bocado. Aquela coisa de ser uma das poucas criações literárias tupiniquins no ramo da investigação, tão bem escrita e logo ela não levantar bandeira musical em nosso idioma?... Repito: não tirou o brilho. Porque as muitas passagens nos situaram em terra brasilis: a dupla sertaneja ser de Goiás, por exemplo, é pátria nossa, com  certeza!
Além dos topônimos do estado da região Centro-Oeste e São Paulo - e a riqueza na descrição -, houve citações de nomes de sertanejos famosos como Chitãozinho & Xororó e Zezé di Camargo & Luciano, nos proporcionando, gostosamente,  um ar de identidade.
Muito cultural e informativo (sem didatismo), bem humorado, instigante, objetivo, Bellini e o Labirinto é literatura para se conhecer. E mais: é para se querer  conhecer o resto dos outros envolvimentos do ébrio detetive. O livro que deu origem a série foi Bellini e a Esfinge, mas também há Bellini e o Demônio e algum(ns) outro(s) que me falha a memória.
O mais interessante da obra é que, assim como o autor fez questão de retirar o detetive daquele labirinto aparentemente de saída impossível, nos retirou, os leitores, também de lá. Tony Bellotto é escritor que se coloca no lugar de quem o lê.
Uma sensação de historia concluída nos vem no término da obra. É como se tivéssemos ajudado Remo Bellini a resolver o caso.
Essa ideia de participação não tem preço. "Dever cumprido" é a frase de efeito que mais define nosso pensamento de pós leitura!...

(Imagem:
Fonte desconhecida)

domingo, 6 de setembro de 2015

Recebendo "aquele abraço"



Um abraço não é só o aperto dos braços em torno do alvo de nossa afetividade.
Abraço quer dizer bem mais... Quando enviamos um abraço para alguém, quer dizer que, mesmo às vezes longe, nos lembramos das pessoas das quais gostamos, de seres que serpenteiam nossos pensamentos de alguma maneira.
Apresentando o programa Rock, Pop Entre Outros Sons, pela Bicuda FM 98, 7 (também pelo site pode ser ouvida: www.bicuda.org.br), notei a profundidade desse "aperto de braços à distância".
É tão importante para mim enviar essa lembrança... E quem recebe, imagino que fique contente. Eu, quando o recebo, me sinto a dona do mundo! A vaidade nasce ali, naquela hora. Como é bom ser lembrada!...
Nunca pensei que isso acrescentasse alguma coisa... 'só' um abraço", pensava eu.
Mas e o por "trás da cena" da coisa? Não, não é só um abraço. Vai além: alguns bons momentos você parou o que fazia para se referir a alguém, mencionar o nome, falar algo de louvável daquela pessoa, e qual o ex- Ministro da Cultura Gilberto Gil, enviar "aquele abraço" para o ser que foi pego de surpresa muitas vezes, sua audição meio distraída captando  a descoberta.
De vez em quando falo no ar que a Rádio Bicuda é uma estação para se abraçar, de tão fofa que é. Um ambiente gostoso de se ficar,  aconchegante feito abraço de mãe.
Indo mais longe, animais também abraçam. E como abraçam até a nossa alma!...
Eu moro na casa de meu irmão Henrique.
Aqui tenho três gatinhas: Ursinha, LaBelle e Princesinha.
No entanto, a três casas daqui, mora meu irmão mais velho Washington e meu pai, e lá, para mais quatro gatos eu dedico o meu carinho: PBzinho, Nina, Beto e Preutinha.
Por motivo da correria do meu cotidiano, não tenho ido ver os bichanos;  mais precisamente há dois meses não os via. Isso me incomodava um bocado.
Eles são tão meus quanto as gatinhas daqui, embora recebam todo o cuidado e carinho do meu mano Washington, que é bem afetuoso com os bichanos.
Hoje eu tirei o dia para ir vê-los. Meio temerosa fui (achava que não se lembrassem mais de mim). Logo quando cheguei, meu temor foi confirmado: PBzinho foi o que mais "espumou" quando me viu! Ainda por cima, correu feito louco...
Beto não reagiu quase nada diferente, Preutinha me olhou como se eu fosse uma invasora inóspita, e Nina, a única que me recepcionou a contento, miando de cima de muro,  dizendo o seu característico:"Olá!".
Uma tristeza começava me invadir. Não criei aqueles gatinhos para me estranharem desse jeito.
Levei ração, coloquei nos comedouros, e foram se aproximando aos poucos. Beto não demorou muito, aceitou meus afagos.  Preutinha também mostrou-se amistosa.
PBzinho foi o mais renitente.
Estava eu na porta, olhando para o quintal, quando PBzinho miou alto. Fui chegando perto, ressabiada ; claro, não sabia o que ele queria. Fui lhe chamando o nome e, como já imaginava, o sapeca malhado bicolor (PBzinho quer dizer isso: "P" de preto; "B" de branco) reconheceu minha voz.
Então esparramou-se no chão e deixou que lhe acariciasse. Pronto! Nosso vínculo de amizade foi restabelecido. Pulou no meu colo  e "massageou" minha perna, no consagrado "amassar pãezinhos", tão disseminado por felinos domésticos, como se fosse parte de algum manual montado por eles próprios, de transparecer  doçura  e mistério ao mesmo tempo.
PBzinho me abraçou. Do jeito dele, naturalmente. Tratando-me com aquele calor, eu recebia o seu abraço mais cálido.
Nos fundos da casa,  ficam os comedouros, e ele miou de um modo, como dissesse: "Vou fazer uma 'boquinha'. Quer me acompanhar?" Só sossegou quando para lá me direcionei.
Depois roçou seu corpinho esguio pelas cadeiras, me tratando como seres humanos fazem quando recebem visitas amigas de longa data, que há muito não aparecem: queria ser o mais agradável possível.
Ao vir embora, ficou o preto e branco me olhando, parecendo perguntar: "Quando você volta?"
Eu lhe prometi, como se compreendesse minhas palavras: "Agora não vou demorar muito pra retornar. Pode acreditar, PB!"
Dei "aquele abraço" nele (abraços fisicos em gatos inclui pegá-los no colo,  acariciar-lhes as orelhas e a cabeça, além de apertarmos seus corpinhos com o maior aconchego possível). Já tinha dado nos outros mas, naquela criaturinha, foi especial.  Ele é meu pequeno amigo,  e se destaca pelo entendimento humano de algo tão abstrato que é a amizade.
Esse é um desses grandes dias que aprendo mais um pouco e sinto mais um pouco.
Recebi um abraço. Fui lembrada; senti-me prestigiada.
Vaidosa, meio dona do mundo, ainda que esse mundo seja o meu pequenino espaço com seres que tanto aprecio.
Essa que aqui escreve está se sentindo abraçada pela vida, pelo futuro, pela sutileza de tão-somente sentir.
É assim. As coisas são o que são porque ainda existe lógica em vibrar com esses simples momentos, em uma paz solícita.
Boba, eu? Talvez. Mas uma boba feliz. Eu recebi um abraço do meu amigo PB. E ele recebeu o meu.
E abraços são tão generosos assim: porque  só têm graça exatamente por serem recíprocos.
Que venham outros abraços quais esse!
Porque, além de generosos, abraços são viciantes também...

(Imagem:
Fonte desconhecida)

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