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terça-feira, 29 de março de 2016

Análise de "Televisão", com Titãs


A música Televisão, interpretada pela banda Titãs, é do álbum homônimo
Televisão, do ano de 1985, composta por Marcelo Fromer, Tony Bellotto e Arnaldo Antunes.
Uma curiosidade: o álbum foi produzido por Lulu Santos.
Sem dúvida, a letra é uma clara crítica a essa mídia tão conhecida e difundida chamada televisão.
Não há disfarces ou subterfúgios; a linguagem usada é ácida. Porém, em muitas passagens, tenha conotação cômica.
Praticamente o primeiro refrão - ou os primeiros versos - já define o que o personagem da música acha da TV:
"A televisão me deixou burro/ Muito burro demais". Temos aqui a capacidade de anulação do pensamento que este veículo comunicativo oferece ao público. É como se deixássemos que a televisão pensasse por nós.  Essa tônica procede por toda a letra.
Vejamos também:
"Agora todas as noites me parecem iguais". Sim, se a TV pensa por nós, obviamente que tudo que acontece é igual, pois todos nós nos tornamos iguais, na mesma limitação de raciocínio.
Em: "O sorvete me deixou gripado pelo resto da vida/ E agora toda noite quando deito/É boa noite, querida". O  sarcasmo evidente! Se o comercial que passou de sorvete na TV exerceu uma influência, já que o personagem naturalmente comprou o produto, é como se ele ficasse tão gripado, que daria a sensação de que não passaria nunca. Aí, tchau, romance! Ele deita na cama e dorme, literalmente...
A parte mais intrigante para mim, pois não sabia do que se tratava (tive que pesquisar bem), foi essa:
"Oh, Cride, fala pra mãe/ Que eu nunca li num livro que o espirro fosse um vírus sem cura/ Vê se me entende pelo menos uma vez, criatura/ Oh, Cride, fala para mãe!". Esse "Cride, fala pra mãe", conforme apurei, era o bordão de um humorista já falecido de nome Ronald Golias, que de tanto que repetia, o público falava a todo instante, por todo lugar. Além de criticar as pessoas que são "papagaios" de tudo que ouvem e veem, a letra também mostra a contradição dos cérebros preguiçosos de pensar: se o sorvete o deixou "gripado pelo resto da vida", como é que ele  nunca leu "num livro que o espirro fosse um vírus sem cura"? É que, a mesma TV que vende sorvetes, produtos que supostamente causam gripes, também vende os antigripais, antifebris, analgésicos, etc., que acabam ou diminuem os sintomas. Quer dizer, a TV faz o que bem entende com a sua audiência!
Com certeza a crítica mais feroz está nestes versos:
"A mãe diz pra eu fazer alguma coisa/ Mas eu não faço nada/ a luz do sol me incomoda/ Então deixa a cortina fechada/ É que a televisão me deixou burro/ Muito burro demais/ E agora eu vivo dentro dessa jaula junto dos animais". Aqui significa que, além de desprovido de senso crítico, o personagem se tornou também um indolente, já que não deseja perder nada que passe na TV. A luz do sol não incomoda propriamente. O chato é que reflete na tela, atrapalhando a visão, por isso que o ideal é deixar a cortina fechada. Devido ao seu desespero em ver tudo o que o veículo transmite, ele admite que ficou burro, ou seja, um animal irracional, e como muitos dos quadrúpedes, vive preso em jaulas, junto aos seres iguais a ele.
Ele repete um dos refrões:
"Oh, Cride, fala pra mãe", e complementa: "Que tudo que a antena captar, meu coração captura". Como ele não tem pensamento próprio, repete exatamente o que a TV transmite. É como se fosse um "maria-vai-com-as-outras", totalmente desprovido de qualquer senso crítico e/ou ideológico.

Embora seja uma crítica objetiva e clara, a música se atém ao tipo de pessoa influenciável, e não a todos os telespectadores, no que exime a própria TV de boa parte da culpa.
Pessoas de personalidade forte, vão saber separar o tal "joio do trigo", e perceber que esse veículo comunicativo ainda é muito bom, basta que saibamos absorver o que nos cabe de melhor em nossas vidas.
Até mesmo a banda Titãs, cujos componentes compuseram a obra musical, reconhece o valor dessa mídia, sempre aparecendo na TV toda vez que se faz possível.
É naquela: quem procura, acha. E a televisão tem suas qualidades. Até mais que os defeitos, se formos pensar com libertação de ideias.
Nem preciso ir muito longe: foi num canal de TV que eu, Mary, tive a alegria de ver, pela primeira vez, a apresentação da já muito mencionada e aplaudidíssima banda Titãs...
Se não fosse pela TV, talvez eu nunca os conhecesse, e nem estaria aqui fazendo essa análise da letra!...

Um vídeo com Televisão, dos Titãs!




(Imagem:
Fonte desconhecida
Edição de imagem:
Página Mary Difatto)

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