Dalits, segundo a novela, trata-se de pessoas que vivem na Índia e não pertencem à nenhuma casta, sendo reais párias de sua sociedade.
Por essa condição infeliz, são considerados "intocáveis", e sendo assim, os que são de castas, ainda que pobretões quais eles, os consideram impuros.
Ai daquele que os tocar!
Os mais "sábios" tratam logo de apavorar aquele "azarado", dizendo que deve se lavar no rio Ganghis ou se tornará inseto em outra encarnação ( ou até mesmo nessa...).
Nota-se, obviamente, que é peculiar àquela cultura esse tipo de conceito, que parece-nos absurdo e até costumamos duvidar que acontecimentos quais esse possam mesmo existir.
Cultura dos outros é sempre a estranha; a nossa, nunca!
Não sei se vocês já viram uma campanha que passa (ou passava) na Globo, quando em época do Criança Esperança (acho de uma demagogia incrível esse Criança Esperança, mas a campanha é muito bem feita), onde os filhos conseguiam ver crianças pedintes na rua, mas seus pais, não.
Queriam argumentar com isso que de tanto vermos os erros, acabamos nos acostumando com eles, e não tomamos nenhuma providência para os consertarmos.
Assim comparo a questão social comportamental de nosso povo com os "diferentes"!
Como somos cruéis com quem nos é "desfavorecido", seja lá de que forma isso se faça!
Vocês já comeram em lanchonetes mais simples onde entram pedintes?
Eu, já.
É barra, bem barra mesmo ouvir pessoas simplórias perguntando se a gente tem "1 real" para inteirar para a passagem.
Mais barra ainda é nós, os mais "favorecidos" dizermos na cara-dura que o dinheiro que temos é só para pagar o lanche...
Mais barra ainda é nós, os mais "favorecidos" dizermos na cara-dura que o dinheiro que temos é só para pagar o lanche...
E os olhares de todos é como se ali estivessem marginais com revólveres em punho informando o detestável "É um assalto!".
Não sou santinha e também os olho assim, infelizmente, repetindo a frasezinha feita, aquela da falta da grana para ajudar...
Aliás, pedintes em geral são muito mal vistos pois achamos sempre que vão usar o dinheiro para beberem cachaça ou "cheirar"!
Há casos, porém, de miséria pura, de pessoas que pedem para ALIMENTAÇÃO e não acreditamos, talvez por preconceito, talvez por considerarmos que aquilo não nos cabe resolver (o Governo que se vire!), ou simplesmente, que no nosso alter ego, os consideremos "intocáveis", ou seja, sua miserabilidade "pega" e eles não passem de "dalits" em nossa espúria sociedade!Sobre a questão do que é ou não é um "diferente", pode-se estender para tudo, desde àqueles que não tem situação financeira a contento, até mesmo para discordância de pensamentos.
Acredito que muita gente já se sentiu meio "excêntrica" por defender teses que não eram em acordo com a maioria.
Não gosto nem de falar da separação que fazem quando alguém, por exemplo, não está com a roupa da moda ou curte alguma música e/ ou filme já "ultrapassado".
Uma vez comentaram com meus pais que eu era "quietinha" porque não falava muitos palavrões!
Sei muito bem que esse "quietinha" era eufemismo tosco para não me chamarem de "jeca"!Olhem, quando soube disso, fiquei tão arrasada!...
O rodapé da sala era mais alto que eu nesse momento!
Se algum parente de uma família faz alguma bobagem, todos da família se tornam "intocáveis" também!
Onde morávamos, havia uma moça que era filha de prostituta ("Ó, que horror!", os demagogos gritando, como se prostituição fizesse alguém menos merecedor que outros de tentar ser feliz!).
Um dia ela arranjou um namorado do bairro que era "de família".
Todo mundo perturbou o cara dizendo que ele podia deitar e rolar literalmente com a moça porque a filha era qual a mãe, aquele ditado perfeitamente esquecível do "Filho de peixe, peixinho é".
Acabou que ele fez isso mesmo, e depois a ignorou fosse ela um objeto de prazer, e só.
Pessoas são únicas e o rapaz não sabia disso...
Pobrezinha! Ela tinha se apaixonado e sofria muito pelo seu desprezo.
Quando finalmente se deu conta do quão legal ela era, um outro rapaz já tinha a valorizado como devia e os dois ficaram juntos para valer.
O anterior, por desgosto, casou-se às pressas com uma outra moça, casamento que pouco durou. Agora isso nem importa mais!
Em outro plano ele se encontra ( ninguém sabe ao certo por que o "apagaram") , e a "filha da prostituta" leva uma vida saudável junto ao marido e os rebentos...
Como podemos marcar seres humanos assim: "mendigo", "jeca", "careca", "gordo", "maluco", "cheio de Aids", "prostituta", "filha de prostituta"?
Nós perpetuamos consignações que tatuam vidas e a coisa vai longe de modo que nem sabemos mais por que tudo isso ocorre!
Racismo, preconceito contra os gêneros ("Mulher no volante, perigo constante!"), homofobia, orgulho religioso ( "Eu sei a verdade!") , fazendo a nossa convivência um tanto ou quanto insuportável, um inferno de desilusões e incertezas...
Há muitos dalits e eles estão por toda parte!
A corrente do "dalitismo" é invísível, conquanto forte!
Ignoramos quem fala "errado" ( há os palhações que vivem corrigindo as pessoas na frente dos outros, esquecendo que antes de aprender o bom manejo da Língua Portuguesa, deve-se ter em mente que educação também se usa!)
Ignoramos o que não é "normal" para o convívio.
Ignoramos nós mesmos porque nem sempre estamos nos "conformes"...
Devemos parar com frescura!
Antes de atirarmos pedras nos costumes de outros povos, olhemos para os nossos próprios costumes que, se visualizarmos de perto, são apenas tradições bobocas que nada acrescentam e deterioram o que poderia ser melhor!
Lembrem-se que dalits, seja em qual pátria existam, é conceitual e não genético...
(Imagem:
hehehe eu já cansei de denfender minhas filosofias de vida a toa, hoje eu simplesmente falo minha fé é diferente da sua a tua verdade não é minha verdade, e por ultimo eu digo siga a tua fé. ela certamente funciona!
ResponderExcluirGostei Mary, um texto muito bom, mais cada um com seu segmento.
ResponderExcluirAbraços forte
Seu texto é incrível. Retrata uma realidade. Quanto aos Dalits da Índia, li coisas absurdas que nem sei se são verdadeiras. Mas, toda sociedade é cruel e nomeia seus dalits.
ResponderExcluirMeu primeiro emprego foi numa joalheria. lembro que algumas vendedoras só queriam atender quem entrava engravatado ou mulher que chegava parecendo uma raínha, quebravam a cara porque muitas vezes, eles só xeretavam e iam embora sem comprar. Uma vez, atendi a um casal de idosos, não era minha vez de atender, mas uma vendedora enrolava de um lado, a outra de outro e eu fui lá. Eram simples, bonzinhos, simpáticos, adorei logo de cara. Fizeram uma compra altíssima. Nunca me esqueço desse dia, ele usava um chinelo de dedo na ocasião. Foi uma lição pra todos lá. Não se pode julgar um livro pela capa. Porém, as pessoas tem esse triste hábito em geral.
Outro dia, no bairro da Lapa, eu estava comprando um sorvete e um menino pediu dinheiro, eu disse "que só tinha aquele", pensei que ele queria usar droga. Depois que ele foi embora me senti culpada, pois eu poderia ter oferecido um lanche em vez de dinheiro, mas não fiz. Pensei naquilo a tarde toda, já faz uns dias. Lembrei agora por causa do seu texto.
Quanto à filha da prostituta a que você se referiu, felizmente ela está feliz. Já ele, o ex-namorado, teve o que mereceu. Precisamos tomar nossas decisões baseados no que sentimos e não no que os outros nos impõe.
Beijos e parabéns pelo post.
Salve, minha querida e linda Confrade!
ResponderExcluirSabe o que me ocorreu? Que seria maravilhoso poder assistí-la em uma performance de leitura dramática com esse texto; é perfeito para um monólogo, numa ocasião de reunião importante qualquer da - presumidamente autointitulada - "casta superior" rsrsrsr! A figura de linguagem é pungente, como se faz conveniente a um protesto; o discorrer da linguagem, porém, aceessível, como carecem as opiniões bem fundamentadas; e o conceito implícito na forma e explícito na narrativa são plangentes e incontestáveis, como é proprio do conceito filosófico daqueles que vivenciam o que defendem, enfim achei um verdadeiro ensaio socio-político-filosófico! MEUS PARABÉNS!
Agora, do ponto de vista puramente conceitual, peço que me permita recomendar dois textos bíblicos: MAT 24:12 e 2ªTIM 3: 1-5. Estou convencido de que alí encontramos uma explicação bem clara do porque muitas e muitas vezes não respeitamos o outro ser humano apenas por essa imutável razão de ser: O outro - por mais incrível que nos possa parecer - é também, um ser humano!
Eu te envio um abraço mui terno!
Este sempre teu Confrade: Max Costa
P. S. Sempre que possível virei reverenciar tua beleza, tua simpatia e tua inteligência!
Muito bom o texto. Li o da semana passada e esse esta complementando. Sem me referir a religião, certo é que ao morrermos, dalits, castas ou engravatados vão para o mesmo lugar: prestar contas com o Criador. Portanto, essa divisão feita pelos homens, não impede que sejamos irmãos diante de que nos criou e após a nossa passagem, o corpo inerte não tem casta.
ResponderExcluirBeijocas
Oi, FRiend X!
ResponderExcluirPois é, o q ue penso é aasim mesmo!
Temos q parar c/ essa bobeira de nos preocuparmos c/ os costumes, a maneira de viver dos outros!
Cada um tem a sua vida, sua história, e todos nós sabemos onde o nosso calo dói!
Bem colocada a sua ideia, X!
Bjs,
Mary :-)
Oi, Príncipe!
ResponderExcluirObrigada pela participação!
Cada um na sua e rspeitando o "quadrado" do outro! rsrsrs
Um abraço,
Mary.
Oi, Sandra!
ResponderExcluirQue linda a historia dos idosos q foram ignorados pelas vendedoras!
Eles não estavam ali à toa; estavam p/ ensinar!
Acredito muito nessas coisas, sabe?
Q as situações em nossa vida são eternas escolhas, em q os sentimentos e o bom-senso falem alto, sempre!
A esmola, infelizemnte,é mal usada por muitos pedintes q abusam de nossa benevolência.
Só q devemos analisar a situação da pessoa q esteja à nossa frente!
Se o coração pedir p/ dar esmolas, q demos, e se errarmos, pelo menos, errou-se pela maneira mais digna q existe: colocou-se na prática a lei da caridade!
Muiiiito obrigada mesmo pelo comentário!
Foi extremamente somativo ao post!
Bjs, querida!
Mary :-)
Oi, Max!
ResponderExcluirProva-se aqui o quão CAVALHEIRO vc é, além de já sabermos do exímio CAVALEIRO vc tem sido! rsrsrs
Querido amigo, fiquei extremamente lisonjeada c/ tal exaltação q vc fez ao meu singelo post!
Meu objetivo c/ ele era mostrar um pouco dos meus sentimentos como cidadã, ser q vive entre o amor e a ingratidão q a nossa querida e quase sempre injusta sociedade me propicia.
É fácil falarmos dos costumes dos outros, mas refletindo bem, nossa sociedade também deixa muiiiiito a desejar!
Não tinha intenção nenhuma de construir um conceito sócio-filosófico p/ desestrurar os "brâmanes", mas até q a ideia de apresentar o post p/ a "classe dominante", eu, uma simples proletariada, até q não seria nada mal... rsrsrs
Um abração e obrigada por comentário tão gentil e caloroso!
Mary:-)
Olá, Cris!
ResponderExcluirTambém tento não entrar nessa de religião!
Mas basta usarmos a logicidade p/ vermos o q vc tão sobriamente falou q, ao partirmos, não existe casta, separação, nada disso!
No dia q humanidade aprender isso, nosso planeta será um lugar bem melhor de se viver!
Bjs, querida, e obrigada pela magnífica participação!
Mary :-)
SAUDAÇÕES!
ResponderExcluirAMIGA,
O seu texto é extraordinário!
Faz uma abordagem profunda de um processo qua está aos olhos de todos.
O problema maior é o velho e cansado sentenciamento de pessoas e seus hábitos, etc.
Primeiro pensemos em nos dar conta de nós mesmos, cumprindo nossas reponsabilidades e deixemos as passoas seguirem suas vidas.
Parabéns pelo lindo texto!
Abraços!
LISON.
Oi, Lison!
ResponderExcluirVc disse tudo ao enfocar o lado q pouco cumprimos: q é cuidarmos c/ nossas responsabilidades!
Muitos de nós pensamos q estamos aqui a passeio, quando a vida é bem maior q isso!
Parar p/ refletirmos sobre nossos próprios atos, pode ser uma saída p/ o aperfeiçoamento enquanto seres pensantes q somos.
Obrigada, querido, pelo fato de ter complementado c/ seu comentário reflexivo!
Abração da Mary p/ vc! :-)