Sabemos que a justiça de quem é mau é uma, e a de quem é bom é outra, isto é, acompanha as leis e faz o politicamente correto.
Mas quem assistiu a novela Vale Tudo como eu, do ainda espetacular Gilberto Braga, sabe que justiça ali, seja para bons ou maus, é uma só: mostrar com força física que se está muito enfurecido!
Para tanto, é que foi uma das novelas com o maior número de cenas antológicas , desde cenas delicadas e textos fortes, a porradas, socos, pontapés, humilhações verbais, e tudo o mais que fosse cabível para expor o desagrado do personagem.
Mesmo sendo pequena na época, eu compreendi que não adiantava ficar esperando aqueles trâmites legais que sabemos serem morosos em nosso País para resolver-se questões simples, como o fato de alguém ter sido vítima de adultério, por exemplo.
O pobre Afonso - interpretado soberbamente pelo meu querido e gato Cássio Gabus Mendes - foi o "corno" oficial da ficção!
Como aquela cretina da Maria de Fátima (interpretação ímpar de Glória Pires, a melhor dela de todos os tempos!) tripudiou na ingenuidade e doçura do rapaz!...
Claro que ser traído é doloroso para qualquer um, sobretudo por quem se gosta muito, e no caso do personagem, chegou às raias da loucura: foi enganado em TODOS os sentidos!
Então, subentende-se que uma criatura dessas não vá "deixar barato".
Afonso "arrebentou em cima" da mulher cretina, do seu amante, da mãe, e até da sua ex-namorada, Solange (Lídia Brondi que a interpretara e é a sua esposa na vida real).
Ele esperou a justiça dos juízes? Não. Sua justiça se assemelhou àquela de Moisés - "Olho por olho, dente por dente".
Bateu, xingou, acusou, falou "poucas e boas" a todos que o magoaram.
E eu no meu sofazinho, aprovando tudo, dizendo: "Yes! Vai fundo, Afonso!"
Pode parecer estranho eu defender o procedimento dele e de todos os injustiçados da novela, mas é que nem sempre é justo o que dizem ser justo.
No contexto da obra, os de péssimo caráter não entenderiam uma boa conversa, vingança branca, e até mesmo serem presos.
A linguagem tinha que ser a da rudeza, e que o vilão tivesse seus bens retirados, aí, sim, o entendimento se fazia de maneira completa!
Tanto é que o ÚNICO que pagou através da lei, Ivan (Antônio Fagundes), que tinha cometido o crime do suborno e para o bem de uma causa digna, nos causou pena...
A novela Vale Tudo, que tinha como enfoque principal a busca desenfreada pelo poder e dinheiro de maneira torpe, foi uma das obras com o melhor título que já vi, pois "valia tudo" mesmo no sentido moral , e físico, a exemplo do esporte de mesmo nome.
Seus personagens marcantes como Raquel (Regina Duarte), Heleninha (Renata Sorrah), César(Carlos Alberto Riccelli), Marco Aurélio (Reginaldo Faria), e lógico, a cruel e chique Odete Roitman ( Beatriz Segall)- que ocasionou a pergunta que paralisou o País: "Quem matou Odete Roitman?" - já renderam estudos em universidades para profundo conhecimento do comportamento humano e social (aliás, muitas novelas de Gilberto Braga, esse cronista social, têm servido de estudos em universidades nacionais e internacionais).
Eu comentaria por um dia inteiro a perfeição de construção de enredo desse autor que é um mestre em crônicas urbanas, só que não vai dar, por motivos bem óbvios.
O jeito é vocês assistirem a esse vídeo que eu pesquei no YouTube, um dos exemplos da justiça que a novela mostrou ser a correta dentro de seu contexto, o acerto de contas entre Solange (vítima) e Maria de Fátima (ré).
Que cada um tire as suas próprias conclusões, se houve correção ou não em seus atos...
(Imagem:
Olá!
ResponderExcluirA nossa justiça é muito eficiente quando a pessoa que deve ser condenada é pobre e a vítima é uma pessoa rica. caso contrário, a falta de punição é praticamente certa.
Abraços
Francisco Castro
Mary,
ResponderExcluirDeixando a justiça de lado, pois esta é morosa e injusta, devo dizer que me deu uma saudade danada dessa novela.
Valeu rever essas cenas do vídeo.
Adorei!
Bjs.
Rosana.
Isso mesmo, Francisco!
ResponderExcluirE é esse o ponto onde a novela chegou no ápice, o que fez dela uma das melhores novelas de todos os tempos!
Mostrou que quem não tem "bala na agulha" ou é bom de coração, que se dava mal; não valia a pena ser muito criterioso para resolver problemas.
Pensar que esse não é um problema só brasileiro...
Um abraço,
Mary.
Poxa, Rosana, em mim também...
ResponderExcluirElegi como uma das melhores novelas (senão a melhor) que já assisti!
Era bem escrita, e bem realista, não?
No contexto da novela, valia dar umas pancadas naqueles vilões safados, não é mesmo?
Era só assim que entendiam a linguagem dos bons...
Beijos,
Mary. :-)
Eu sou mt fã da Glória Pires e tb adorava Lídia Brondi, com seu jeito doce. Pena q ela nunca se recuperou da síndrome do pânico.
ResponderExcluirVale tudo foi uma novela brilhante, com diálogos memoráveis. As pessoas viviam em função da novela. Comentava-se por td lado, td mundo queria dar uns tabefes na Maria de Fátima e acho q a Glória Pires chegou a levar uns safanões e xingamentos. As pessoas viviam nos personagens suas frustrações e o autor soube trabalhar mt bem esse clima geral de revolta e sede de justiça, tanto na novela qto c o público.