sábado, 6 de novembro de 2010

Miragem


Mais um poema direto da minha época do Normal.
Bom frisar que me fiz valer somente do eu- lírico para escrevê-lo, não usando NENHUMA experiência pessoal em sua elaboração.
Os versos vieram não sei de onde; só fui simples instrumento para reproduzi-los no papel...

Miragem

É preciso acreditar-se no que se vê,
Pois a visão poderá tornar-se verdade;
Essa carícia que sinto nos cabelos
Vem desse momento de pura saudade...


Ouvi ainda há um instante,

Um tilintar de copos de uísque;

Uma risada irônica e bêbada,

Antes, um ato degradante.


As discussões acaloradas;

Os presentes de aniversário;

E os beijos de chegada,

São fatos do meu imaginário.


Visualizo as danças proibidas,

Nas quais éramos liberais;

Mas dançávamos às escondidas,

Para não humilhar os outros casais!


Percebo a sua fisionomia alterada,

Ao lembrar-lhe a mudança de idade;

Porém, esta mesma continua adequada,

Aos meus padrões de vaidade.


Vejo o gato siamês ronronando,

Correndo atrás do bolo jogado ao chão;

Outra vez o cachorro esperto chega antes ( malandro!)

Você briga como se ele não estivesse na razão.

Não demonstro nenhum interesse,

Rindo, sabendo de antemão,

Do castigo que julgasse que o cãozinho merecesse!...

A imaginação é mesmo intrigante:

Vi ainda há pouco,

Um sorriso matreiro,

Saindo das cortinas,

E escondendo-se nos travesseiros...


Esses são os meus dias,

Eu depositando a vida inteira,
Minha fé num imaginado retorno, um dia!

Uma ideia vivamente prazenteira.

E essa fé está quando leio e acendo um cigarro;

A luz é o resquício de quem espera e não se cansa,

Mas, o que se pode esperar de um sonho tão bizarro?

A guimba sempre cai,

Queima as letras,

O cigarro acaba...

...Vai-se junto a esperança!...


(Imagem:
Fonte desconhecida

Edição de imagem:
http://marymiranda-fatosdefato.blogspot.com)

10 comentários:

  1. Mary,

    Parabéns pelo poema, você estava inspirada nesse dia.

    Lirismo, nostalgia. Gostei.

    Beijos e ótimo domingo.

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  2. olá coisinha
    mas bah lindo
    as coisas sempre acabam mesmo
    é como o cigarrim
    tem inicio é fim o q difere é o tempo acesso
    vamos dar uma de cachorro esperto
    pasando a perna nos gatos por ai

    beijaço coisinha Mary

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  3. Olá, Valdeir!

    De vez em quando me vez umas "coisas" literárias... rsrs
    Muito legal você ter gostado do poema!
    Mudando totalmente de assunto, se você quiser levar um banner meu para o seu blog, eu agora tenho 3 ( dá até pra escolher! rsrs, fique à vontade, ok?

    Beijos, amigo, e ótimo domingo também pta você! :)

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  4. Olá Linda Mary !!!

    Muito intenso e emocionante seu texto, além de belíssimo, claro !
    Digo emocionante porque vivi uma situação que se encaixou em quase tudo que disse, só que você a descreveu com beleza e maestria.
    Me deu até uma nostalgia agora, relembrar estes momentos, nos meus sonhos existiam e foram bons, mas como no fim, foi-se com as cinzas a esperança...

    Coisa da vida né, gata !
    Só posso parabenizá-la !!
    Um beijo enorme !!!

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  5. Olá, Juci!

    Caraca! Você percebeu algo no meu poema que nem eu havia notado! rsrs
    A sua analogia do tempo de um cigarro aceso às coisas boas existentes em nossas vidas é 10, com louvor, amiga!
    Se formos pensar bem, a vida dá o tempo certo para tudo, nem rápido, nem devagar, o tempo suficiente para nossas realizações.
    Se uma pessoa mede sua esperança pela duração de um cigarro, naturalmente, ela se verá decepcionada porque a vida é bem amior que isso tudo (Tem que ser!)
    Devido a esse acerto magistral desse e outros textos meus, decreto, a partir de hoje, Juci Dias como a 'interpretadora' oficial dos textos de Mary Miranda!
    Olha, não deixa o sucesso subir para a cabeça, viu? rsrs
    Brincadeiras à parte, fiquei bastante comovida com a sua interpretação do contexto em si.
    Poucas palavras, mas profundas.
    Outra interpretação que adorei foi essa, a de que sempre haverá cães malandros passando a perna em certos gatos.
    É a vida, o mundo é dos mais espertos! rsrs
    Amiga Ruivinha, saiba que gostei muito de sua intepretação, mesmooooooooooo!

    Um grande beijo,
    Mary :)

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  6. Olá, querida Samanta!

    Fico feliz por ter escrito algo que tem a ver com a sua vivência porque, em relação a mim mesma, as passagens nunca ocorreram...
    Pra você ter uma ideia, nunca namorei um cara que bebesse uísque e eu, jamais fumei!
    O que uma garota do Ensino Médio como eu na época, teria a ver com convivência de anos, como sugere o poema?
    Como você também escreve, e bem, deve se perguntar, às vezes, de onde vêm certas inspirações...
    É, a esperança se resume em cinzas, muitas vezes, se ela não for sólida.
    Acredito que devemos multiplicá-la, e não aprisioná-la numa simples tragada de cigarro ou degustada de bebida...
    Afinal, ela é a última que morre!
    Pelo o que você vê, eu discordo da minha personagem do poema!
    Sou otimista até mesmo quando não há esperança mais!
    Luto até o fim, enquanto há amor!!!! ( Só ele vale a pena deixarmos qualquer coias de lado...)

    Um beijo, minha amiga!
    É sempre uma satisfação pra mim escrever um texto que alguém se identifique!

    Mary :)

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  7. Legal esse poema, li uma vez um muito interessante e parecido...
    muito bom..

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  8. Ok, obrigada pela participação!

    Um abraço,
    Mary :)

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  9. Sabe que boa parte dos meus poemas (principlamente os mais antigos) também não sei de onde vem???? Eu simplesmente tinha vontade de escrever e as palavras iam para o papel.... e só depois de ter escrito tudo é que ia ler como tinha ficado!
    Adorei o poema... uma história, uma vida, lembranças....
    Beijo no coração

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  10. Valéria querida!

    Inspiração é algo que não entendemos...
    Costumo pôr no papel ou PC o que me vem à cabeça e, como você, os poemas mais antigos são os que menos têm a ver com o que eu estivesse vivenciando.
    Como eu falei para a Samanta, não havia mesmo lógica em uma adolescente escrever coisas como amor de anos de vivência.
    A única explicação que tenho e você há de concordar porque também é kardecista, que deve ser algo por que passamos em outras vidas, e nessa encarnação nos chega em forma de inspiração, o que você acha?
    Nossos espíritos-guias permitem certas lembranças do passado, quando nos é importante recordar delas...


    Beijos,
    Mary :)

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