PARA QUEM AMA GATOS

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segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Dalits por toda parte!

Como eu prometi na semana passada no post que falava sobre Caminho das Índias , darei um destaque maior hoje a um dos temas da novela, que é a questão dos dalits.
Dalits, segundo a novela, trata-se de pessoas que vivem na Índia e não pertencem à nenhuma casta, sendo reais párias de sua sociedade.
Por essa condição infeliz, são considerados "intocáveis", e sendo assim, os que são de castas, ainda que pobretões quais eles, os consideram impuros.
Ai daquele que os tocar!
Os mais "sábios" tratam logo de apavorar aquele "azarado", dizendo que deve se lavar no rio Ganghis ou se tornará inseto em outra encarnação ( ou até mesmo nessa...).
Nota-se, obviamente, que é peculiar àquela cultura esse tipo de conceito, que parece-nos absurdo e até costumamos duvidar que acontecimentos quais esse possam mesmo existir.
Cultura dos outros é sempre a estranha; a nossa, nunca!
Não sei se vocês já viram uma campanha que passa (ou passava) na Globo, quando em época do Criança Esperança (acho de uma demagogia incrível esse Criança Esperança, mas a campanha é muito bem feita), onde os filhos conseguiam ver crianças pedintes na rua, mas seus pais, não.
Queriam argumentar com isso que de tanto vermos os erros, acabamos nos acostumando com eles, e não tomamos nenhuma providência para os consertarmos.
Assim comparo a questão social comportamental de nosso povo com os "diferentes"!
Como somos cruéis com quem nos é "desfavorecido", seja lá de que forma isso se faça!
Vocês já comeram em lanchonetes mais simples onde entram pedintes?
Eu, já.
É barra, bem barra mesmo ouvir pessoas simplórias perguntando se a gente tem "1 real" para inteirar para a passagem.
Mais barra ainda é nós, os mais "favorecidos" dizermos na cara-dura que o dinheiro que temos é só para pagar o lanche...
E os olhares de todos é como se ali estivessem marginais com revólveres em punho informando o detestável "É um assalto!".
Não sou santinha e também os olho assim, infelizmente, repetindo a frasezinha feita, aquela da falta da grana para ajudar...
Aliás, pedintes em geral são muito mal vistos pois achamos sempre que vão usar o dinheiro para beberem cachaça ou "cheirar"!
Há casos, porém, de miséria pura, de pessoas que pedem para ALIMENTAÇÃO e não acreditamos, talvez por preconceito, talvez por considerarmos que aquilo não nos cabe resolver (o Governo que se vire!), ou simplesmente, que no nosso alter ego, os consideremos "intocáveis", ou seja, sua miserabilidade "pega" e eles não passem de "dalits" em nossa espúria sociedade!Sobre a questão do que é ou não é um "diferente", pode-se estender para tudo, desde àqueles que não tem situação financeira a contento, até mesmo para discordância de pensamentos.
Acredito que muita gente já se sentiu meio "excêntrica" por defender teses que não eram em acordo com a maioria.
Não gosto nem de falar da separação que fazem quando alguém, por exemplo, não está com a roupa da moda ou curte alguma música e/ ou filme já "ultrapassado".
Uma vez comentaram com meus pais que eu era "quietinha" porque não falava muitos palavrões!
Sei muito bem que esse "quietinha" era eufemismo tosco para não me chamarem de "jeca"!Olhem, quando soube disso, fiquei tão arrasada!...
O rodapé da sala era mais alto que eu nesse momento!
Se algum parente de uma família faz alguma bobagem, todos da família se tornam "intocáveis" também!
Onde morávamos, havia uma moça que era filha de prostituta ("Ó, que horror!", os demagogos gritando, como se prostituição fizesse alguém menos merecedor que outros de tentar ser feliz!).
Um dia ela arranjou um namorado do bairro que era "de família".
Todo mundo perturbou o cara dizendo que ele podia deitar e rolar literalmente com a moça porque a filha era qual a mãe, aquele ditado perfeitamente esquecível do "Filho de peixe, peixinho é".
Acabou que ele fez isso mesmo, e depois a ignorou fosse ela um objeto de prazer, e só.
Pessoas são únicas e o rapaz não sabia disso...
Pobrezinha! Ela tinha se apaixonado e sofria muito pelo seu desprezo.
Quando finalmente se deu conta do quão legal ela era, um outro rapaz já tinha a valorizado como devia e os dois ficaram juntos para valer.
O anterior, por desgosto, casou-se às pressas com uma outra moça, casamento que pouco durou. Agora isso nem importa mais!
Em outro plano ele se encontra ( ninguém sabe ao certo por que o "apagaram") , e a "filha da prostituta" leva uma vida saudável junto ao marido e os rebentos...
Como podemos marcar seres humanos assim: "mendigo", "jeca", "careca", "gordo", "maluco", "cheio de Aids", "prostituta", "filha de prostituta"?
Nós perpetuamos consignações que tatuam vidas e a coisa vai longe de modo que nem sabemos mais por que tudo isso ocorre!
Racismo, preconceito contra os gêneros ("Mulher no volante, perigo constante!"), homofobia, orgulho religioso ( "Eu sei a verdade!") , fazendo a nossa convivência um tanto ou quanto insuportável, um inferno de desilusões e incertezas...
Há muitos dalits e eles estão por toda parte!
A corrente do "dalitismo" é invísível, conquanto forte!
Ignoramos quem fala "errado" ( há os palhações que vivem corrigindo as pessoas na frente dos outros, esquecendo que antes de aprender o bom manejo da Língua Portuguesa, deve-se ter em mente que educação também se usa!)
Ignoramos o que não é "normal" para o convívio.
Ignoramos nós mesmos porque nem sempre estamos nos "conformes"...
Devemos parar com frescura!
Antes de atirarmos pedras nos costumes de outros povos, olhemos para os nossos próprios costumes que, se visualizarmos de perto, são apenas tradições bobocas que nada acrescentam e deterioram o que poderia ser melhor!
Lembrem-se que dalits, seja em qual pátria existam, é conceitual e não genético...
(Imagem:

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O difícil "Caminho das Índias"

Não sei por que motivo, o povo brasileiro tem a mania de menosprezar as novelas, tratando-as como arte "menor".
É visto como "alienado" ou "sem cultura" aquele que admite apreciar esse gênero tão difundido em nossas terras tupiniquins!
Eu não concordo!
Novelas ruins existem, assim como filmes ruins, músicas, seriados, peças teatrais, pinturas e tal e coisa e coisa e tal...
Se formos analisar bem, deveríamos dar um "desconto" para elas porque escrever com qualidade até o final, numa obra com duração de 9 meses, é para deixar qualquer um com a cuca quente; desafio qualquer grande cineasta a fazer o mesmo!
O que ocorre, gente, é que os autores, em sua maioria, são ótimos, de uma criatividade sem par, mas a "máquina televisiva" os dilacera quando impõem aquela droga de merchandising em textos patéticos, os obrigam a encaixarem o novo affair do(a) diretor(a) ( e uma cavalgadura como ator/ atriz), os "modeletes" oriundos de BBB, finais odiosos para a próxima obra do horário vir com força, censuras que não existem abertamente embora no "sapatinho" estejam bem em vigor!
Caminho das Índias, de Glória Perez, a obra de ficção que escolhi para explanar minhas ideias, não é, nem de longe, a melhor novela que assisti na vida ( eu seria injusta com Vale Tudo, Que Rei Sou Eu?, Roque Santeiro, A Viagem , O Clone ( da mesma autora que Caminho) ou a divertida , mas não menos inteligente A Gata Comeu).
Digo mais:
Essa novela tem tanto erro, mas tanto, que se eu não tivesse minha sensibilidade aguçada para proteger folhetins, nem a citaria no meu rol de novelas assistíveis!
Para começo de conversa ( e a pior parte dela):
Como os personagens indianos conseguem se fazer entender PERFEITAMENTE com personagens brasileiros?
Todo mundo fala português na Índia ou no Brasil todos nós falamos inglês fluentemente?
Outra:
A passagem do Brasil para a Índia ( ou vice - versa) é tão barata assim?
É um tal de gente ir e vir com a maior facilidade e chegando em tempos recordes (viajam agora, daqui a pouco, chegam em seus destinos!)
E assim segue...
Porém, eu cheguei à conclusão que novelas são ficção e nós podemos usá-las como bem quisermos, imaginando-se que você próprio tem que SABER O QUE QUER!
Eu sei bem o que quero numa novela: Quero REFLETIR!
Gosto de ver cenas e parar para pensar em como seria aquilo na vida real, como eu reagiria na mesma situação, como ser alguém que se coloca no lugar do outro...
Em meio a tantas críticas que eu já fiz para o Caminho das Índias, tive que descer do meu pedestal de "intelectualidade" e dar as mãos à palmatória:
Que novela humana, minha gente!
Como seus personagens são viscerais, reais, oportunos, humanos!...
Personagens que nos tomam na sua capacidade de nos tornar mais " a ver", nos chamam para a vida, como se dissessem: "Alô! Você poderia ser um de nós!"
Preciso esmiuçar a veracidade da esquizofrenia tratada na obra, da questão dos maus tratos que se faz aos "diferentes" no caso dos dalits ( esse questionamento me é tão importante que escreverei um post só sobre isso na semana que vem), da psicopatia que arrebata certos seres humanos, da ambição desmedida, da hipocrisia de alguns casamentos, da maldade social, seja na Índia ou no Brasil?
Por que colocamos uma lupa grande para caçar defeitos em novelas, e óculos escuros para não enxergar suas qualidades?
Muitos filmes que assisti foram verdadeiros LIXOS CULTURAIS, só que ninguém reclama do veículo ( filme), esmera-se apenas em detonar a obra em si, frisando muito bem o título (Lembro de terem os críticos e a população arrebentado com Irmãos Gêmeos, dizendo ser de péssima qualidade, mas ninguém generalizou alegando que filmes não prestam!) .
Quando se trata de novela, costuma-se generalizar ( "Não suporto novela!", o que muitos declaram, no lugar de dizerem : "Não suporto a novela X!")
Assim como filmes, elas também merecem que tenham seus títulos pronunciados, para se falar bem ou mal delas!
Por que isso?
Por que esquecer-se de obras primorosas de nossa dramaturgia?
Por que não usar o termo "mas", por exemplo: "A novela Y é horrível, mas tem umas cenas cômicas legais..."?
Na prática, não funciona assim!
A população se limita a repetir nas ruas aqueles dispensáveis ( para não dizer pedantes!) bordões novelísticos. "Hari baba", "Namastê", "Tic" são o máximo que se assimilou de Caminho das Índias!
Quando as pessoas assistirem as novelas sabendo bem o que querem delas, passarão a apreciá-las!
Se assistimos um filme de ação, esperamos que o mesmo tenha cenas eletrizantes; alguém vai lá se preocupar com o enredo, se é de aprofundamento humano analítico ou de pensamento freudiano?
Peças cômicas de teatro tem obrigatoriedade de trazerem dramas conflituosos onde os personagens chorarão de dor e saudade em suas cenas mais importantes?
Novelas de besteirol, estou correndo, porque não as curto!
Só que na hora de as detonar, uso o título de cada uma delas, mesmo porque existem exceções interessantes como foi Quatro por Quatro.
Sou apaixonada por obras urbanas inteligentes e de suspense, portanto adorei assistir A Favorita e quase todas de Gilberto Braga , ainda que por motivos supracitados, também possuíram suas falhas vergonhosas...
Termino de maneira brincalhona a minha defesa de noveleira.
Lanço um trocadilho que o meu mano do meio adora repetir para sacanear as minhas queridas (ainda que ele dê umas olhadinhas bem constantes em algumas delas!)
"NOVELAS, MELHOR NÃO VÊ-LAS! " ( Alguma semelhança com o conhecido verso de Vinícius de Moraes, "Filhos, melhor não tê-los"?)
E acrescento, sempre:
"MAS JÁ QUE AS VEMOS,
QUE NOS ENVOLVAMOS EM SEUS NOVELOS!"...


(Imagem:

http://caminhodasindia.blogspot.com/2009/01/caminho-das-indias-personagens.html)

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Violência doméstica infantil cantada em música oitentista

Não faz muito tempo, postei aqui sobre uma letra dúbia de música que sugeria claramente que havia discurso pedófilo no seu conteúdo.
Devo dizer que me mantive numa posição meio tolhida porque adoro músicas de muitos gêneros e épocas, portanto, quando fico sabendo de alguma malevolidade que algumas delas possam trazer, chego a ficar um tanto deprimida...
Mas para compensar a tristeza que uma me causou, trago outra que só trouxe alegria por servir de alerta para uma realidade nada agradável: a violência doméstica infantil.
Acredito que muita gente deva conhecer Luka, de Suzanne Vega, do ano de 1987.
Essa canção tocou muito nas rádios, e a cantora também se consagrou através dela (há quem diga que ela, a cantora e compositora, viva basicamente , até hoje, dos frutos colhidos pelo sucesso de Luka!)
De estilo pop/rock, gostoso e extremamente delirante de se ouvir, Luka embalou muitos bailinhos de todas as idades, e era presença obrigatória em qualquer CD player!
Só que poucos sabem que, em meio a batidas que convidam a danças e coreografias, a canção trata de assunto delicado, mostrando pela ótica de uma criança, o que é apanhar sem limites de responsáveis irresponsáveis, ou seja, os próprios pais!
Ao atentar para a letra, não há como não ficarmos consternados e fragilizados, imaginando o peso da maldade que aquela pobre criança carrega no corpo e na alma...
Acompanhem comigo a letra e sua tradução:

Luka - Suzanne Vega

My name is Luka
I live on the second floor
I live upstairs from you
Yes I think you've seen me before
If you hear something late at night
Some kind of trouble. some kind of fight
Just don't ask me what it was
Just don't ask me what it wasJust don't ask me what it was
I think it's because I'm clumsy
I try not to talk too loud
Maybe it's because I'm crazy
I try not to act too proud
They only hit until you cry
And after that you don't ask why
You just don't argue anymore
You just don't argue anymore
You just don't argue anymore
Yes I think I'm okay
I walked into the door again
Well, if you ask that's what I'll say
And it's not your business anywayI guess I'd like to be alone
With nothing broken, nothing thrown
Just don't ask me how I am
Just don't ask me how I am
Just don't ask me how I am
My name is Luka
I live on the second floor
I live upstairs from you
Yes I think you've seen me before
If you hear something late at night
Some kind of trouble.
Some kind of fight
Just don't ask me what it was
Just don't ask me what it was
Just don't ask me what it was
They only hit until you cry
And after that you don't ask why
You just don't argue anymore
You just don't argue anymore
You just don't argue anymore

Tradução:

Meu nome é Luka
Eu moro no segundo andar
Eu moro bem acima de você
Sim, acho que você já me viu antes
Se ouvir alguma coisa de madrugada
Algum problema, algum tipo de briga
Não me pergunte o que aconteceu
Não me pergunte o que aconteceu
Não me pergunte o que aconteceu
Acho que é porque sou desastrado demais
Tento não falar alto demais
Talvez seja por que eu seja louco
Tento não ser muito malcriado
Eles batem só até você chorar
Depois disso, você não pergunta por quê
Simplesmente nem discute mais
Simplesmente nem discute mais
Simplesmente nem discute mais
Sim, acho que estou bem
Dei outra vez com a cara na porta
Se você perguntar, é o que eu vou dizer
Seja como for, você não tem nada a ver com isso
Acho que gostaria de ficar sozinho
Não tem nada quebrado, não há nada errado
Só não me pergunte como estou
Só não me pergunte como estou
Só não me pergunte como estou...
Eles só batem até você chorar
Depois disso, você não pergunta por que
Simplesmente nem discute mais
Simplesmente nem discute mais
Simplesmente nem discute mais...

(Um link para quem quiser assistir ao clipe:


A canção foi escrita num momento puro de inspiração de Suzanne, e é baseada em fatos reais.
Segundo informações na net, Vega teria se inspirado num menino português, de nome que não consegui apurar.
Por esta música fabulosa, Suzanne enriqueceu social e emocionalmente, pois como ela própria disse há pouco tempo: "Luka sobrevive porque sua historia permanece" (Lamentável que muitos de nós tenhamos uma passagem "lukiana" para contar...)
Não se espantem por a voz e a carinha da cantora serem tão doces, assim como o ritmo envolvente.
Essa suavidade foi proposital para mostrar ao público que por trás de fisionomias angelicais de pessoas nas ruas , pode-se esconder monstros horripilantes, de gente que massacra seus filhos e o teor carrasco de suas atitudes correndo surdamente em frases, como: "Não conte para ninguém, se não apanha mais!"
Ainda bem que meus pais nunca foram desse tipo.
Mamãe nunca me bateu, e meu pai me dava uns tabefes que eu de fato merecia, e sem extrapolar o limite do aceitável .
No entanto, bem pertinho de nossa casa, meus quase vizinhos e colegas de turma, não podiam dizer o mesmo.
A memória me traz uma situação tão massacrante e traumática para o meu cérebro de oito aninhos na época...
Um senhor costumava surrar sem dó meus colegas, ele que era o pai ( tornou-se normal chegarem com as pernas e braços roxos, marcas certeiras de pancadas esporádicas, na escola) .
E um dia, num momento de insanidade total, este senhor usou de sua "autoridade de pai" da maneira mais déspota que vi: batendo e batendo no filho, para ouvir uma determinada confissão! Foi assim.
Minha mãe tinha ido me buscar na escola e na volta cismou de bater um papo com uma conhecida.
Daí, esta conhecida deu falta de um chinelo e começou a procurar.
Procura daqui, procura de lá, e não o encontrou.
O pai desse meu colega, que trabalhava na construção do muro da casa, logo se pronunciou:
-Não foi meu filho quem roubou!
Ela respondeu, atônita, conhecendo a fama de "severo" com os filhos que o homem tinha:
- Não, moço, não estou acusando ninguém!...
Nem um minuto esperou, para ele dar o primeiro tapa no menino.
Uma sucessão de pancadas ocorreu, sem chance da criança se explicar com objetividade, só berrando em desespero:
- Não fui eu, pai! Não fui eu!...
Após a surra cessar porque aquele senhor tinha gozado com todo o prazer (como se fosse um gozo sexual) por ver a criança deteriorada em todos os aspectos, ele vira para o lado e diz, na maior tranquilidade, enquanto duas mulheres se encontravam aterrorizadas (mamãe e a dona da casa) e uma menina chocada para sempre (eu):
- Meu filho não roubou o chinelo da moça. Se não , ele teria falado...
A surra doeu na minha alma de tal maneira, que até hoje recordo com riqueza de detalhes, da vermelhidão nas pernas, braços e tórax do meu coleguinha (que tinha a mesma idade que eu), seu pequeno corpo tremendo de dor e vergonha, seus olhinhos suplicantes, o choro abafado de menino que sofre injustiça, seus gritos ressoando nos meus ouvidos para sempre...
Imaginem se ele tivesse roubado mesmo o tal chinelo e confessasse?!
Creio que aquele "pai" não o teria deixado vivo...
Que revolta eu mantive por anos ao vir aquele homem andando ileso nas ruas, como se ele fosse um detentor dos bons costumes ("Meu filho não é ladrão!") quando sinceramente, sua vida era uma amontoado de dor e trauma para todos nós(não só para os filhos!), que agradecíamos intimamente por não termos um pai como aquele...
Seus filhos cresceram bonitos e saudáveis; não deram para coisas ruins .
A dor, no entanto, estava lá, em alguma parte do coração e da mente, tendo um alívio nítido na voz deles pelo pai já ter partido ( passaram a falar dele com uma certa saudade, aquela do tipo que sentimos apenas porque o tempo cura todos os males!).
A idade adulta tinha feito bem a eles , mas não sei se se tornaram bons pais.
Há alguns anos não os vejo; espero que sejam, pelo menos, sensatos na educação dos filhos!
Por isso eu digo que o grande valor de Luka não é porque com uma simples audição musical possamos mudar a mentalidade de todos os seres humanos do mundo.
Contudo, atentando um minuto que seja para a letra, aquele tapinha que pensávamos aplicar numa criança quando ela retornasse da rua, fica sem lógica .
Um copo quebrado não é motivo de surra.
Uma malcriação, também não.
Nem a degustação de chocolate fora de horário.
E muito menos porque não tomou banho direito...
É, melhor deixar a vida ensinar a elas, com a surra miserável que é a constatação que há falta de moradia, e há muitas injustiças sociais, que ocorre a falta de saúde e educação, e transborda corrupção e egoísmo.
Copos podem ser comprados em lojas.
Dignidade, não...
(Imagem:

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Eles não ligam pra' gente!


Essas autoridades... quem as merecem?
Toda vez que surgem "novidades" parlamentares , me pego perguntando:
"Onde é que essa "zorra" vai parar?"
É de uma cara-de-pau assustadora o que aqueles "cidadãos" fazem com a nossa paciência e tolerância!
Infelizmente eu tenho o desprazer de lembrar de um certo "camarada", que se tornara o presidente mais jovem eleito no País por voto direto.
Seu nome? Fernando Collor de Mello.
O Brasil andava tão "collorido" nessa época, iludido com o epíteto que o próprio se colocou como o "Caçador de Marajás"!...
Bastou um tempinho para Collor mostrar um outro lado de seu Governo que ninguém conhecia: o Sistema- Despótico - de - Manipulação - de - Verbas - Alheias.
A termologia é grande, mas fiel ao que o citado fez com o dinheiro de quem tinha algum alojado na poupança.
Durante 1 ano e 8 meses mais ou menos, só se ouviam pessoas reclamando que queriam tirar seu dinheiro para investimentos, e não podiam porque o Sistema - Despótico e etc, não permitia. O nosso suado l'argent estava "preso" ( Agora eu pergunto: qual crime que o pobrezinho do nosso "tico-tico" tinha cometido, poxa?)
Muitos micro - empresários "quebraram", muitas grandes empresas se encontraram em parcos recursos tributários.
Por motivos sumariamente claros, teria que acontecer algum "castigo" para este presidente.
Lá para as tantas, esse cara rodou por impeachment, e agora anda rodando por aí, posando de senador(!).
Eu gostaria muito de poder falar bem, tão-somente bem do Lula, o nosso atual presidente.
Luís Inácio Lula da Silva é um sujeito carismático, inteligente, veio da miséria, é um líder nato, demosntra respeito pela língua-mãe (falava mal pra danar, mas aprendeu a discursar bonito, respeitando as regras gramaticais), é bom marido, bom pai, alguém com princípios que um povo almeja para guiar a orquestra política de seu país.
Beneficia pessoas com poucas chances de chegar a algum lugar, e tem evitado com bravura a estatização de empresas tradicionais.
E alguém tem sossego?
A cada "Eu não sei de nada!" proferido pelo nosso dileto presidente para as falcatruas e podridão dentro no Planalto Central, é como um soco na confiança que depositamos nele!
Eu cresci ouvindo que Lula iria mudar o País, que seria um exemplo de dignidade e competência; como pode um cara desses "queimar o filme", se fazendo de Pilatos e "lavando as mãos" assim?
Temos muitos casos deprimentes de autoridades que decepcionam.
Escolhi um trio apenas, para emoldurar minha indignação.
Partamos, então, para o digníssimo presidente do Senado e ex-presidente José Sarney, para fechar.
Muitos só se preocupam com aquele bendito bigode que ele traz em sua face antiga, dando a impressão que aquilo é uma piada.
Mas eu digo que não é piada.
Aquilo não é engraçado!
Política não é falar disso, apatrechos físicos!
Sabemos historicamente que José Sarney assumiu a presidência do Brasil, por causa do falecimento do presidente Tancredo Neves, que fora internado no dia de sua posse, vindo a falecer logo depois.
Teve "Pacotão" daqui, "Pacotão" de lá, e o povo era o fiscal da Sunab ( todo mundo era um pouco trabalhador do Governo pois verificava nos supermercados se ocorrera aumento do preço dos produtos).
Esses "Pacotões" renderam uma popularidade incrível a Sarney, no entanto, na prática, a coisa não funcionava mais...
A autoridade maior até que mereceu um certo respeito durante algum tempo; o bigode já teve um requinte de solicitude por parte do povo.
(Não precisam confiar em mim: recorram ao Google - sempre ele!- como eu fiz para não falar asneiras aqui no blog!)
Adianta popularidade quando há bagunça no ar?
Levaram-se anos ( desde a década de 80) para que descobrissem que o sr. Sarney e seus famosos bigodes, tem mais que dar uma sumida básica! ( De preferência, para nunca mais!)
Nepotismo ridículo (ando tão boazinha...) desse camarada, não é mesmo?
Nem para disfarçar!...
Distribui cargos poderosos para a neta, namorado da neta, filho do papagaio da neta, sobrinha do filho do papagaio da neta, mas o Brasil não é mais tetra( é penta!) , e não aceitamos mais treta... nem truta!
Abre o seu olho, presidente... do Senado!
A cadeira é macia, só que o povo anda sedento- para imitar as rosas- em colocar uns espinhos bem "espinhentos" nela, ahn?
Quando escrevemos sobre patifarias políticas, eu não sei o que geralmente ocorre, que pegamos a linha irônica e não conseguimos parar de falar!
Políticos nos trazem um lado triste de nossa personalidade, aquele do grito preso na garganta que não quer calar...
Somos sensíveis e sensatos, porém, somos aqueles que sofrem as consequências desses que causam a balbúrdia ao bom desenvolvimento do povo.
E sabem o que mais me aborrece, a mim , particularmente?
É que eles não estão NEM AÍ!!!!!!!!!
Trazem a lama e nós que chafurdemos nela, quais porcos ( será que eles pensam que o povo é que criou a gripe suína, e querem se vingar?)
Se eles pagarem pela safadeza que praticam, não tem importância: é só um darem um tempinho e voltarem daqui a alguns anos para angariar algum cargo político de pompa (brasileiro não tem memória mesmo...)
Assim seguimos, aguentando, ou berrando, ou chorando, ou pilheriando, ou difamando, ou...
Ou...
Sei lá!
Se adianta alguma coisa, serve como desabafo apenas; e quem sabe a história não se resolva no grito?
Ou sabe-se lá que "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura"?
Resta apenas terminar com o lamento tão nobre que a música do já saudoso Michael Jackson trazia: They don't care about us.
Fazer o quê ? A verdade dói, ainda que seja objetiva:
ELES NÃO LIGAM PRA'GENTE!
Não, meu povo, eles não ligam NEM um pouquinho para a gente...

(Imagem:

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Sem graça

Eu tento, sim, eu tento, entender o porquê de certas personalidades fazerem tanto sucesso!
Como existem pseudo-celebridades espalhadas por todo canto, empesteando todos os canais midiáticos e enchendo a nossa cabeça do "horror" de vê-los!
Fiquei chateada pelo espaço que estão dando ultimamente para um moço que atende pelo nome artístico(?) de Sérgio Mallandro!
Que cara mais chato!...
Sem graça mesmo!
Não vejo lógica nenhuma nele...
Nunca ri de nada que o sujeito fez e faz, não vejo talento algum naquele senhor!
Olha que eu tinha motivos, nem que fosse pela lembrança afetiva, de tolerá-lo - foi ele quem me fazia cantarolar, mais de uma vez por dia, a famigerada "Gluglu", quando eu ainda não tinha discernimento para entender do que se tratava - , mas não vou "pegar leve".
Alguns devem ter lido um dos posts meus falando da facilidade que tenho em sorrir de tudo, do quanto eu estimulo a todo mundo abrir um sorriso.
No entanto, esse sujeito me "brocha"; se pensava em dar minhas risadas fartas, já trava tudo, perco a minha graça...
Para o meu gosto um tanto ou quanto enjoado, o camarada não passa de "errado que deu certo".
Eu vou contrariar tudo o que a reportagem falou dele dia desses, quando sabemos que está completando mais ou menos 30 anos de carreira(?):
* Ele é ator ( Deveriam perguntar antes ao Tarcísio Meira o que tem a dizer sobre isso!)
* Ele é cantor ( Hum! Talvez o Tiririca tenha alguma culpa nisso...)
* Ele é apresentador ( Caramba! Ninguém nunca viu o Sílvio Santos em palco ?)
* Ele é compositor ( Então está explicado o porquê da Pitty andar meio desgostosa em caprichar! A pobrezinha anda até "bregando"...)
* Ele é comediante ( Ai! Cadê o Jô Soares, Chico Anysio, Tom Cavalcante, Agildo Ribeiro que permitem esse acinte contra a classe?)

Sei que há muitos artistas totalmente sem graça com muito espaço.
Eu poderia fazer uma lista enorme deles.
É que o tempo de "estrada" desse artista(?) me tirou do sério: deixaram esse sujeito "mostrar a cara" durante três décadas????
Enquanto que artistas merecedores se arrastam em nesgas choradas na TV ou teatro para verem se conseguem pagar o aluguel do apartamento, temos que conviver com ultrajes quais esse à nossa inteligência e direito de ir-e-vir (porque coisas desse tipo, podam os nossos movimentos!).
Existem casos em que certos artistas me suspendem a alma, resgatando minha sensibilidade, me trazendo a emoção, ainda que eu saiba que esse ou aquele possui qualidade duvidosa e até discrepante para outras pessoas.
Que me desculpem os supostos fãs de Sérgio Mallandro!
É que o citado não me traz NADA!
Sua artificialidade é desmoralizante, seu "humor" me faz chorar... de raiva!
(O incentivo à "pagação de mico" na mídia deve render muito dinheiro, só vejo essa saída para a existência desses tipos!)
Não falo aqui da pessoa que ele porventura possa ser, um homem cumpridor dos seus deveres, aquele que paga os impostos em dia,...
Quero destacar o lado artístico mesmo, que é muito aquém do que deveria nos oferecer!
E não pretendo falar mais que isso...
Quem mandou colocar a cara na TV?
Se apareceu, é porque esperava por críticas , de todas as maneiras!
( Até o genial Chico Buarque ouve "pérolas" sobre a sua pessoa em vários lugares, por que o artista(?) em foco escaparia assim?)
Não sei se vão concordar, mas me surgiu uma reflexão platônica ( aquela das reminiscências , bem "caverna" mesmo).
Talvez Sérgio Mallandro tenha lá os seus méritos:
Para bem ou para mal, a sua "sem gracice" me inspirou um post...


(Imagem:


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