PARA QUEM AMA GATOS

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segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A dor nossa de cada dia

Passamos por algumas situações complicadas muitas vezes. Acredito que todos nós temos um histórico de vida ímpar, que por mais que se assemelhe ao do outro, nunca é igual. Coisa mais individual que existe é a dor...
Foi pensando nisso, que veio do nada em minha cabeça, o filme Perdas e Danos, com Jeremy Irons e Juliette Binoche, filme esse, diga-se de passagem, pouco divulgado pela mídia.
Não vou ficar contando a história. Só quero que entendam a mecânica de sentimento de nós, pessoas no geral.
Admito que quando vi a capa do até então VHS ( quando o assisti pela primeira vez , o DVD estava engatinhando), não tive grande motivação para assisti-lo, já que a imagem nos arremetia a um conceito pré-julgatório: se imagina tratar-se de filme pornográfico médio, de teor questionável. (Um casal inteiramente nu, de frente um para o outro, sem mostrar as partes íntimas, por isso o uso de "pornográfico médio")
Contudo, deixando o pré-julgamento de lado, descobrimos um universo de emoções pouco desbravado por enredos cinematográficos.
Mostra uma história pungente, nua, crua , de seres humanos ávidos em terem uma vida normal, primando em só amar.
Como a nossa vida é! Quem foi disse que é tão simples assim?
Um homem bem casado, com uma brilhante carreira política, que fora médico no passado e que se apaixona pela primeira vez na vida por uma mulher igualmente brilhante.
O problema já se instalou aí: ele é casado.Qualquer história comum pararia com esse enfoque , que daria pano para manga suficiente para ater os expectadores. Só que o enredo é baseado no livro homônimo de Josephine Hart e segundo dizem(eu não li, mas pretendo), a autora consegue tecer uma narrativa ainda mais perfurante do que vemos na tela.
Tanto no livro quanto no filme nos deparamos com essa audácia: a mulher brilhante é ninguém menos que a namorada do filho!
Querem mais? O filho é apaixonado de pedra por ela.
Mais um pouco? O filho admira o pai e quer ser igual a ele.
Mais? A mulher tem um passado bem "esquecível".
Mais ainda? Assistam o filme...
Gente, é forte demais a descoberta que o que aprendemos pela vida não corresponde ao que de fato acontece.
A imagem princepesca que fazemos, principalmente nós, as mulheres, do bastar amar e transpor barreiras, desmorona diante do que vemos na narrativa.
Quem somos nós para julgar? É essa a mensagem que parece nos transmitir Perdas e Danos.
Não posso deixar de destacar a interpretação irretocável do casal principal, sobretudo Jeremy Irons, ator inglês de formação teatral que, por motivo que desconheço, não se tornou um desses badalados hollywoodianos. Como não bastasse, o cara é um verdadeiro "achado" para o clube feminino: ele é um gato!!!! (Já está meio "coroa", mas não perde a pose ; um digno lorde inglês!)
Voltando às reflexões, eu gostei muito de assistir, porque a história não se perdeu em clichês bobos, o término é surpreendente, e até as cenas íntimas do casal são diferentes do que costumamos encontrar em filmes comuns. A história muitas vezes nos faz lembrar Nélson Rodrigues, por causa do drama-família e da "falta de respeito" com valores morais impostos por séculos e séculos em nossa sociedade.
Às vezes um tanto lento, com muitas imagens que valem mil palavras, Perdas e Danos vale a pena ser assistido por quem gosta de filme-cabeça e por aqueles com mente varrida de qualquer preconceito.
Preparem-se, portanto, para o que eu vou declarar: é duro saber que o que alguém vivenciou, não serve de exemplo para ninguém. Engulam a própria dor, meus queridos, e sejam felizes com ela...
E como diria a personagem de Juliette Binoche : "Gente sofrida é perigosa. Sabe que pode sobreviver".

P.S.: A produção é européia. Vai ver foi por isso que não ganhou destaque mundial...

Beijos, meus lindos!!!!

2 comentários:

Anônimo disse...

Tudo bem? Estou retribuindo sua visita ao re-novidade. Quer dizer entao que o encontro aqui está marcado para todas as segundas? ötimo, vou fazer o possível para aparecer, pelo menos atrasado rs.

Adorei seu comentário sobre o Fernando Pessoa, se não fosse genial, seria considerado louco, já que muitas vezes se confundia com as próprias personalidades que criava. Queria ter estado no tal Seminário rs.

Ótimo blog.
Ótimo texto.

E inté!

Mary Miranda disse...

Oi, todo mundo!
Vidal: Com certeza vc iria gostar do Seminário sobre Pessoa!Estou satisfeita por eu conseguir tecer comentários concernentes. Obrigada pelos elogios! Volte sempre, viu?

Em tempo: Jaque, muitíssimo obrigada por me adicionar nos blogs q vc acompanha!!!! São pessoas como vc q nos incentivam a querer continuar! Fique na paz, sempre!
A todos, um beijo e um queijo!!!!

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