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sábado, 11 de junho de 2011

Apenas mais uma de amor


Quem quiser explicar o amor com aquelas frases de efeito elaboradíssimas, ou teses de mestrado de faculdades renomadas de ampliação mergulhadora de id insondável, vai esbarrar com o óbvio: não há explicação!
Já diria
Fernando Pessoa (sob o heterônimo Álvaro de Campos), ele que era tão inteligente, cujo "pingo é letra", sobre as cartas de amor, aquelas "melosidades" mais que vistas e revistas nos muitos amores pelo mundo:

Todas as cartas de amor

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam
cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo
cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As
cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
C
artas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas
cartas de amor
É que são

Ridículas.


(Todas as palavras esdrúxulas,

Como os sentimentos esdrúxulos,

São naturalmente

Ridículas.)


Acompanhando esse raciocínio da obviedade, Lulu Santos, ao falar pelo seu eu-lírico, em Apenas mais uma de amor, deixa claro que também cansou-se de tentar explicar!
A letra não foge do padrão "mel" e, pelo título, nota-se que tudo que se fala sobre esse sentimento forte, mas comum, é "Apenas mais uma"...
Deixe a conversa inteligente de lado, largue o "sentido racional" da vida e simplesmente AME!
"Mais uma" aí para todos nós!...

Apenas mais uma de amor
- Lulu Santos

(Composição : Lulu Santos / Nelson Motta)

Eu gosto tanto de você
Que até prefiro esconder

Deixo assim ficar

Subentendido

Como uma idéia que existe na cabeça
E não tem a menor obrigação de acontecer

Eu acho tão bonito isso
De ser abstrato, baby
A beleza é mesmo tão fugaz

É uma idéia que existe na cabeça
E não tem a menor obrigação de acontecer

Pode até parecer fraqueza
Pois que seja fraqueza então,
A alegria que me dá
Isso vai sem eu dizer

Se amanhã não for nada disso
Caberá só a mim esquecer
O que eu ganho, o que eu perco
Ninguém precisa saber

Eu gosto tanto de você
Que até prefiro esconder
Deixo assim ficar
Subentendido

Como uma idéia que existe na cabeça
E não tem a menor obrigação de acontecer

Pode até parecer fraqueza
Pois que seja fraqueza então,
A alegria que me dá
Isso vai sem eu dizer

Se amanhã não for nada disso
Caberá só a mim esquecer
(E eu vou sobreviver...)
O que eu ganho, o que eu perco
Ninguém precisa saber




(Imagem:
http://camaneon.blogspot.com

Edição de imagem:
http://marymiranda-fatosdefato.blogspot.com)

10 comentários:

Jackie Freitas disse...

Oi minha Alteza querida e amada!
Maravilha!!! Escolhas excelentes para emoldurar uma reflexão que deveria ser natural, intuitiva mas que ainda causa tantas buscas por definições: o amor!
Eu mesma fico aqui divagando e no final chego a essa mesma conclusão: apenas ame! E olha que amar é um presente de Deus! Descobrirmos em nós esse potencial e essa capacidade já nos coloca próximos a essa arte que muitos ainda complicam tanto!
Pessoa foi divino nesse poema! Lulu Santos fez parte da minha história, do meu processo de amadurecimento e muitas de suas letras entraram em mim e me fizeram ver a simplicidade e descontração do viver... Acho que a melhor mensagem mesmo que podemos passar, repassar, transmitir e retransmitir é: Ame...apenas ame! Seja ridículo quantas vezes forem necessárias, mas AME SEMPRE!
Adorei, minha linda! Adorei!
Grande beijo,
Jackie
(sua fã e amiga sempre!)

Mary Miranda disse...

O amor é axioma, aquela verdade inerente na própria existência...

Doce Fênix do Bem, você foi direta em suas palavras, e eu adorei quando disse que amar é divino, embora muita gente pense que é martírio ou castigo.
Relembrando 'mais uma' de Lulu Santos (aquele ali sempre tem 'alguma' a mais para reflexões'! rsrsrs) que fala assim: 'E eu não vou me dar/ Ao luxo de te perder/ Eu me recuso a/ Admitir/ Que amar é sofrer...' ( SATISFAÇÃO)
Penso assim também!
Tudo bem que amar causa dor, saudade, tristeza profunda muitas vezes, mas esse nobre sentimento faz parte da vida; não imagino alguém que seja totalmente humano, que não tenha sentido amor alguma vez...
Se é rídículo amar? Com certeza é!
Se as cartas de amor são ridículas? Com certeza são! (O 'mel que escorre nas palavras escritas ou ditas: - Meu amor por você é maior que o mundo!, etc. - podem ser usadas para adoçar o café-da-manhã, não? rsrsrs)
E o que importa?
Fernando Pessoa, nosso 'aniversariante' do dia (estaria fazendo 123 anos, conforme o doodle informa neste 13 de junho), era inteligentíssimo, mas nunca deixou de derreter-se diante do amor e ser até 'brega', quando seus sentimentos afloravam no coração, revertendo-os em linda poesia!

Querida, continue amando!
Doa a quem doer, o amor sempre vencerá, em todas as suas formas e épocas!!!!

Beijos mil!!!!
Eu quem adorei a sua reverenciada vinda aqui!

Mary:)

Erica; O amor está na rede!!! disse...

Mary, querida!

Que ótima ideia de utilizar este texto de Fernando Pessoa e a música de Lulu para tentar (já que não é mesmo muito possível) explicar o amor. Realmente, é algo inexplicável e acho que a única coisa no mundo que pode ser comparada a ele é a saudade, palavra que mal pode ser traduzida para outro idioma.

Ficar explicando este sentimento parece ridículo mesmo. Mas quem não é ridículo ao estar amando? Sejamos ridículos! Amemos muito!

Grande beijo,

Erica

Atena disse...

Adorei o poema de Pessoa. Engraçado um poeta falar do ridículo das cartas de amor, sendo que ninguém melhor do que eles, os poetas, para falar e dizer do amor. Sentimento inefável, fundamental e inexplicável.
Mas, afinal de contas, pra que explicar? Mania chata essa mania que temos de colocar tudo em caixinhas estanques para poder entender as coisas...
beijos, minha mestra literária

Samanta disse...

Olá minha queridíssima Musa da escrita !!

Atrasadinha, mas cheguei !!! Gosto de vir com tempo, calma, pois seus textos merecem atenção e coração !!

Este então, mais coração ainda !!!
Sou uma pessoa muito racional para certas coisas, até pareço uma maquininha, mas deixei a muitos anos de tentar entender este sentimento maravilhoso ! Agora em permito ser ridícula, melosa, no dia dos namorados mesmo, desenhei vários corações no cartão que escrevi !! kkk é engraçado uma mulher de 36 anos fazendo isso ? sem dúvidas sim, mas só quem está vivendo o amor sabe que não tem nada de mais expressá-lo, deixar que transborde, não ter receio do ridículo, que foi rotulado assim, só Deus sabe porque ! :)
Amei o texto e a música que escolheu para suas palavras !!

Um beijãoooooo e boa semana !

Mary Miranda disse...

Adorável Érica,

Você gostou da minha ideia de usar Pessoa e Lulu para a não explicação que nenhum dos dois têm para o amor , e eu te digo que adorei a sua lembrança do sentimento intraduzível chamado saudade...
É outro sentimento forte e lindo, sem explicação, a saudade que temos!
Já reparou que os dois andam juntos?
Só sentimos saudade de quem ou do que amamos...

Beijos, minha amiga!
Obrigada!!!!

Mary:)

Mary Miranda disse...

Atena, querida amiga!

É estranho mesmo um poeta - e do quilate de Fernando Pessoa -, considerar ridículas as cartas de amor e, por conseguinte, o próprio amor!
Mas, veja bem, entendendo ou não, Pessoa, vivenciou o amor, o sentiu dentro de si, confessadamente um apreciador deste sentimento, que nunca renegou.
Explicação, pra isso, é tolice...
É 'apenas mais uma' interpretação para o amor, como diria Lulu SAntos! rsrsrs

Obrigada pelos elogios, amiga!

Um beijo enorme!!!!

Mary:)

Mary Miranda disse...

Samzíssima, doce Menina Sorriso!

Também faço isso, amiga, de demorar às vezes para comentar, para absorver melhor o que leio e responder com propriedade (você falando isso a mim, só me enche de orgulho, obrigada!!!!)
Eu já fui mais razão e menos coração mas, ultimamente, meu conceito que tinha sobre emoções, mudou completamente!
Antes achava que era patética e 'menor' aquela pessoa que demonstrasse sensibilidade (eu costumava guardar meus sentimentos só pra mim), só que agora eu vejo que isso é parte de ser gente de verdade, poder ser mais meigo e dócil, carinhoso com quem ou o que amamos.
O amor é ridículo porque nos deixa diferente do que somos!
Não é engraçado usarmos aquelas palavras melosas todas no diminutivo, enchermos de flores os recados e dizermos que pro ser amado, somos capazes de roubar até os anéis de Saturno?
Eu, no meu juízo perfeito, ou seja, sem estar amando, jamais faço isso... kkkkkkkkkkkk

Beijos, meu doce!
Adorei que você tenha curtido o post!

Mary:)

Flora Pires disse...

Querida Mary!
Destes tantas e tantas voltas para falar de amor, explicar o amor, sentir o amor!
E tudo isto para falar de ti mesma?
Para mim tu já és uma das definições do amor!
Um beijo carinhoso.
Flora!

Mary Miranda disse...

Flora, minha amiga!

As grandes amizades também são uma forma de amor, e eu te considero uma dessas amigas muito queridas!
Obrigada pelas belas palavras!!!!


Beijos,
Mary:)

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