Desde criança eu o conhecia, já que meu convívio com felinos domésticos é daquela época infantil.
Porém, ao contrário da maioria das pessoas, no fundo eu sabia que aquilo não era asma... Era fazer um carinho gostoso nas orelhas ou em alguma parte do corpo e o bichano, mimosamente, lançava seu som característico. Percebi que vinha da alegria pois, prestando bem a atenção, o barulho só vinha através do agrado, nunca de quando estava mal-humorado...
Uma aplicada amante dos gatos, uma curiosa sobre assuntos diversos e uma leitora voraz de tudo que contivesse letra, um dia, aos 11 anos, minhas conjecturas tiveram confirmação.
Procurei uma palavra qualquer com a letra "r" no dicionário e na mesma página, por sorte - pois eu sequer tinha noção que havia uma definição específica para aquele som -, veio a acepção para ronrom: "Barulho produzido na traqueia do gato, quando ele está contente ou descansando".
Felicidade para aquela garota dos gatos no colo! Não precisava me preocupar nunca mais com o que dissessem. Meus queridos felinos produziam a passagem direta para a festa do amor. Carinho em formato de som na traqueia, mas que poderia ser sentido em seu corpo todo, sobretudo nos pulmões.
Alguns parecem turbina de avião-mirim; outros se assemelham a ronco humano no começo do sono. Que venham os bichanos em seus tons musicais diversos!
Gatos são misteriosos, nem adianta alguém contra-argumentar sobre isso, e sendo assim, obviamente que a sua comunicação do quanto está feliz, não poderia se resumir a este estado apenas.
Há situações de agonia, aflição, dor onde o animal, sem "lembrar" de outros recursos de aviso aos humanos, emite um ronrom mais "amargo", um mais longo e um tanto alto, onde quisesse dizer: "Não venha de brincadeira: hoje não estou nada bem..."
Se muitos humanos não compreendem, outros gatinhos, porém, percebem. Repare que quando um da espécie está doente, os outros não ousam mexer com aquele. A tão disseminada sabedoria dos animais!...
Eu os prefiro, naturalmente, na leveza de seu contentamento ou no descanso sagrado dos justos.
Maravilha ver um felino adormecido e seu ressonar chegando aos meus ouvidos como uma canção delicada.
Ou melhor ainda: quando num salto rápido, um deles alcança meu colo.
Entre um enroscar e outro no meu braço, lá vem ele barulhento de garganta, dar o seu "alô", na característica de uma ode à alegria! É música, é festa, é embalo... É o meu existir explicado naquele momento...
Ronrom é a alegria do gato. Indo mais além, é a alegria de quem sempre o tem por perto para relembrá-lo de que dá para sermos contentes com a simplicidade das coisas.
"Abra um sorriso e seja feliz!", é o que ele parece me dizer.
Ronrom é uma das "risadas" mais gostosas que já ouvi!...
(Imagem:
http://abcdosanimais.blogspot.com)
2 comentários:
SUPER ESSA REPORTAGEM!!
Obrigada, Andrea!
Um abraço e volte sempre!!!!
Mary :)
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