Sou patriota.
Amo o meu país.
Não me mudaria daqui, a não ser para fazer meu "pé-de-meia" lá fora.
Curto o sorriso, a alegria do meu povo.
Não me ligo em Copa do Mundo, mas fico com satisfação ufana quando sei que o Brasil fez um gol.
Adoro as nossas praias.
E engulo até mesmo a nossa "malandragem".
Adoro receber o calor dos amigos ( dizem que esse calor fraternal, só existe aqui!).
Adoro o nosso idioma, e o inglês que uso, é apenas no sentido profissional, não para absorver a cultura dos gringos.
Adoro os nossos psitacídeos.
Adoro aqueles papagaios de cores nacionais.
Adoro aqueles papagaios de cores nacionais.
Amo as florestas.
"Nossos bosques tem mais/ Nossa vida em teu seio/ Mais amores".
Eu me amarro nas novelas, com todas as falhas que possuem.
Gosto do Governo?
Abafa o caso...
Vamos dizer que poderia ser melhor. Ponto.
Adoro o Brasil.
Adoro...
Só que o que não dá para tolerar, é o tal do símbolo brasileiro de maior relevância lá para o exterior, que é uma cultura profana, mas sagrada, quando alguém diz que não gosta: o Carnaval.
Puxa vida! Pra quê que eu fui me meter com esse assunto?!
"Mas ela não é brasileira; onde já se viu não gostar de Carnaval????"
Brasileira, com muito orgulho, peito verde e amarelo, que usa camisa escrito "Brasil" várias vezes por mês, que sabe o Hino Nacional de cabo a rabo desde os 9 anos de idade, que não quebra telefones públicos, o lixo vai para a lixeira, e jamais fura fila, a não ser se magoar um amigo ou amiga que guardou lugar para mim.
Nunca faz tramóia para ocupar cargo público ( tanto é que até hoje trabalha em rede privada) e ainda acredita que o Brasil tem saída, afinal, ainda não roubaram o Aeroporto Tom Jobim...
Carnaval, é que não dá!
Não me ligo na folia que abocanha muitos dos brasileiros , quando vai se aproximando essa época.
Há uma paralisia geral, uma letargia de ideias, pensamentos e iniciativas.
Vou tentar resolver algum assunto pendente:
"Aqui só funciona quando passar a semana do Carnaval!"
Quando quero fazer uma visita a uma pessoa de minhas relações:
"Olha, passa aqui até quinta que vem! Na sexta, vou viajar para Cabo Frio! Estou a fim de aproveitar o Carnaval de lá!"
Vou aplicar as minhas aulas e não posso lançar matéria nova.
Por que será?
Porque a maioria dos alunos deixa para "depois do Carnaval" para comparecerem, e como por lei tem que haver em sala 50% da frequencia dos discentes, logo, tenho que me submeter à política do "após Carnaval"...
Sem blasfêmia, entendam que é apenas uma comparação ainda que fuleira, Carnaval aqui no Brasil é igual a Cristo:
a.C. - antes do Carnaval
d.C. - depois do Carnaval
A coisa é tão séria, que um amigo meu fez até piada com essa história:
-Este ano vou fugir da batucada, passar bem longe da folia!
-Ah, é? Pra onde você vai? - perguntei inocentemente.
-Vou pra Bahia, ficar pertinho do Pelô...
Não sou tapada ao ponto de desconhecer o aspecto histórico dessa festa popular cultuada desde o século XVII, mais precisamente em 1641 ( o primeiro surgiu porque o governador Salvador Correia de Sá e Benevides quis homenagear o rei Dom João IV) , que atrai turistas, dá emprego para muita gente, faz com que brasileiros - ou turistas - se divirtam.
E não sou demagoga de não admitir que há sambas-enredos sublimes, que contam a história de nosso povo, de não dizer que já me emocionei com certos desfiles de Escolas de Samba, verdadeiras obras-primas. Nem dizer que nunca mais assistirei essa festa pela TV.
Acrescentando que até já usei trechos de um samba da Mangueira, cantado pelo lendário Jamelão, para enobrecer uma aula sobre a pobreza que acarreta muitos de nossos negros:
"Livre do açoite da senzala/ preso na miséria da favela"( 100 anos de liberdade: realidade ou ilusão?- 1988)
Entretanto, não gosto.
Já ouvi falar que quem curte rock, não tolera samba, tampouco Carnaval.
Deve ser o meu caso.
Sem mentira alguma, já passei os três dias de festejo, trancada no meu quarto ( ou no dos fundos) , só curtindo rock!
Já pensei seriamente em participar do "Retiro de Rock" que ocorre anualmente nesse período, mas como não conheço os participantes, prefiro ficar na minha.
Deve ser muito legal a galera se reunindo na praia, com violão ao luar, cantando desde BRock a clássicos de Elvis, em pleno batucar das baterias e tamborins carnavalescos...
Em toda tese, há uma contradição.
Que o diga Lobão, que saiu na ala das baterias da já citada Mangueira! ( Lobão é uma eterna exceção, nunca regra! Hahaha).
Talvez eu seja uma rebelde.
Não suporto imposições!
Existe uma corrente de "brasileirismo" sufocante no que concerne a mexer com "verdades nacionais".
Brasileiro tem que gostar de Carnaval e futebol.
Brasileiro tem que gostar "do que é nosso"( às vezes uma porcaria, mas é "nosso").
Brasileiro não pode criticar Fernanda Montenegro e Chico Buarque, sob pena de ser expulso do país.
Brasileiro tem que acompanhar novela das 21h da Globo.
Brasileiro tem que dar um "jeitinho" para tudo.
Brasileiro tem que ser "liberal".
Brasileiro tem que beber cerveja.
Brasileiro tem que falar mal do Governo.
Brasileiro tem que falar palavrão.
Brasileiro tem que dizer que "Só no Brasil mesmo!", quando algo sai de modo não satisfatório.
Brasileiro tem que adorar música em língua inglesa( contradição: nós não temos que gostar do que é "nosso"? dããããã!).
Brasileiro tem que enfeitar a rua com bandeirinhas e outros bichos, em época de Copa do Mundo (Engraçado! Só se "aprende" o Hino e se coloca camisa verde-e-amarela em certos momentos de nossa história!...)
Brasileiro tem que rir de si mesmo.
Brasileiro é aquele que tem que estar feliz, seja lá por qual motivo for.
Ufa! Ainda bem que curto as minhas novelas sem grilo, e acho Fernanda Montenegro o máximo!
Mesmo sendo uma apreciadora incondicional de um certo estilo chamado rock-and-roll, tenho o meu peito verde e amarelo para abrigar Chico Buarque.
Ai de mim se não gostasse dessas "brasilidades", hein?
Teria que fazer minhas malas correndo para ir para outro país!
Ah, mas teria que esperar.
Porque aqui, sem exagero algum, tudo funciona...
"Só depois do Carnaval"!...
(Imagem:
4 comentários:
Nunca gostei de carnaval também. Mais uma data que se tornou inteiramente comercial.
Beijo
Mary, depois de uns traumas de engarrafamentos medonhos... eu gosto de distância. Além de que, vc sabe bem, o Rio fica muito bom, meio que vazio. É só aproveitar.
Sobre minha postagem: PODE sim fazer seus amigos se divertirem, para rir, vale sempre a pena. Manda!
Olá Mary!
Concordo em gênero, número e grau.
Onde eu devo assinar?
Pois é, o triste de tudo isso é que nos mobilizamos em torno da folia, do futebol, do big brother e afins, mas quando se trata de reinvidicar os nossos direitos, como escola pública de qualidade ou hospitais bem equipados,fingimo-nos de estátua e não exercemos a nossa cidadania.
Abs
Oi, Rodrigo!
É o q eu acho.
Carnaval é só p/ se ganhar dinheiro a rodo!
Se fosse p/ investir na educação, saúde, até q daria p/ engolir, mas nós sabemos q o objetivo não é esse!
Bjs,
Mary.
Sissy,
O problema maior não é nem o movimento, e sim, a falta de objetividade do Carnaval.
Bem, eu não gosto, mas não critico quem curte, sabe?
Cada um na sua.
Ainda bem q vc liberou o post! rsrsrs
Aquela homenagem q fez p/ a galera do diHITT , ficou show!!!
Bjs,
Mary.
Sabe, Sumy, q o povo brasileiro só é brasileiro qd é p/ festas? Já reparou nisso? (Carnaval, Copa do Mundo, Olimpíadas, etc)?
Quando é p/ lutar pelos direitos, acontece como vc falou: ninguém exerce os seus direitos e obrigações de cidadão!
Belo comentário, querida!
Um abraço,
Mary.
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