Peguei o post lançado originalmente no site Mary Difatto, cujo título era 8 dicas para gostar de ler, e acrescentei mais duas dicas que, com o decorrer do tempo, percebi que também eram interessantes.
Ei-las aí abaixo.
Espero que gostem!!!!
10 DICAS PARA GOSTAR DE LER
1) Escolha livros que chamem a atenção de alguma forma
Parece mentira, mas ser infantil na escolha de uma obra de ficção, pode ser o principal formador de leitores vorazes futuros!
Seja bem criança mesmo e deixe a vontade falar mais alto. A
opção por uma história pode ser por uma capa legal, letras engraçadas, ser curto, ter cores preferidas no layout,
ser fácil de carregar na bolsa ou por,
simplesmente, o autor ter o mesmo nome que você.
Com o tempo, depois de ler este ou aquele livro por uma
escolha infantil, o leitor passa a ser amadurecido o suficiente (se não, experiente o bastante), para criar outros critérios.
Mas, para começo, essa é uma grande dica!
Lembre-se que uma das maiores escritoras do país, - por que
não do mundo? - Clarice Lispector, escolhia livros para ler por terem títulos
bonitos. E foi assim que de nome extremamente lindo O Lobo da Estepe, de
Hermann Hesse, entrou para a sua vida e inspirou-lhe o jeito de escrever até o
final de sua estada aqui na Terra...
2) Não leia os clássicos quando ainda não se gosta de ler
Jogaram Machado de Assis no meu colo, quase literalmente, quando eu apenas tinha 13 anos!...
Eu já gostava de ler, é verdade, mas esse meu gostar ainda
pertencia à tênue transição da infância para a adolescência, era imatura para
não querer recorrer a dicionários a cada palavra "esquisita" que
surgisse. E jogaram uma coleção inteira...
Iniciei Memórias Póstumas de Brás Cubas com má vontade e não
terminei naquela época. Só na faculdade é que retornei ao primeiro presidente
da Academia de Letras e passei a considerá-lo um dos maiores escritores! Li
quase a coleção inteira, conseguindo compreendê-lo e apreciá-lo.
Os autores clássicos têm particularidades que nos escapam
quando não temos grande experiência como leitor, nem maturidade para galgá-los.
3) Leia em momentos favoráveis
Procure sentar-se em algum lugar calmo e/ou confortável para fazer a leitura. Esteja você mesmo(a) tranquilo (a), nada de ter coisas na mente que atrapalhem a concentração.
É mais que evidente que o estado emocional ou o local onde
estejamos, interfere na interpretação do que se esteja lendo, e se a pessoa já
não gosta de ler, em ambientes turbulentos, é que não vai gostar mesmo...
4) Não se guie por sugestões de amigos
Amamos os nossos amigos, eles só querem o nosso bem, porém, vamos ter o bom senso para sabermos que o que é bom para eles, pode não ser apreciável para nós.
Já aconteceu de pessoas indicarem livros que garantiram que
eu iria adorar e, quando fui seguir a sugestão, não vi nada de relevante ali.
Isso em se tratando de mim, que ama ler. Imagine pessoas que
não curtem nem um pouco?
Vá pelo seus próprios critérios (vide dica 1) , que o
resultado será bem mais satisfatório.
5) Tenha como meta o prazer da leitura, não a aprendizagem
Não sejamos tolos em achar que compramos um livro ficcional para aprender alguma coisa. É o gosto de uma história bem contada que nos prenderá até o final.
Livros de aprendizagem são os didáticos, os obrigatórios de
escola ou - como não citá-los? - os de pesquisa pessoal, aqueles que buscamos
numa livraria para desbravar uma temática que queremos adquirir para a
sabedoria na vida.
Os de ficção são para entretenimento. Há um contentamento
infinito quando começamos na página 1 e quando nos damos conta, a página 100 chegou sem esforço.
Naturalmente que há muitos livros que unem prazer e
aprendizagem - que isso fique claro - mas não é essa busca que a princípio chega ao pensamento coletivo.
Para se aprender a gostar de ler - e até para quem já gosta - um livro tem que
ser muito gostoso de ser devorado (não no sentido literal, naturalmente...).
6) Não estabeleça metas quantitativas de livros
Para quem já gosta de ler, é maravilhoso dizer com orgulho: "Li 12 livros este ano!"
Mas para quem não gosta, ter que chegar ao fim um número
específico de ficções, assemelha-se à tortura,
e o suplício, naturalmente, se converterá em ódio devido à obrigação de
terminar a leitura das histórias escolhidas.
Vá lendo o que lhe der na telha. Sem compromisso. Sem
esforço algum.
Um bom exemplo disso é uma colega minha na época do Ensino
Médio, de turma diferente, que fora obrigada a ler três livros para poder
realizar uma prova de Literatura. Não lembro o título de todos, no entanto,
basta recordar apenas de um: A Droga da Obediência, de Pedro Bandeira.
Este livro eu tinha lido uns meses antes e simplesmente
adorado!
Ela que não gostava nem um pouco de ler, adivinha qual foi a
sua opinião sobre a história? "Que
livro chato! Ai, detestei..."
Obrigação e gostar de ler são coisas que não se afinam...
7) Continue lendo novos livros, mesmo que a maioria que você já leu, tenha sido desagradável
Insistência é uma boa palavra-chave para se gostar de ler. A tendência das pessoas é medir todos por um.
Há livros que "traumatizam" tanto quem não gosta
de ler, que a pessoa começa a achar que não existe nenhuma obra digna de ser
lida.
Seja perseverante e escolha outras obras, com outros temas,
de outros autores, de outras épocas...
Em algum momento, é quase certo de aparecer uma história bem
envolvente, que o levará a gostar de ler ou, na pior das hipóteses, ver os
livros de maneira mais aceitável.
8) Opte por livros que não sejam caros
Alguém deve estar pensando: "O que isso tem a ver com gosto por leitura?" Tem bastante!
Se a pessoa não gosta de ler e investe uma grana alta em algum enredo que não lhe agrada, ficará com aquele gosto amargo na boca de ódio e arrependimento, e pensará: "Antes eu tivesse ido ao cinema ver o novo filme com o Tom Hanks..."
Para quem não tem a leitura como divertimento, TUDO é motivo para a pessoa tomar repulsa , e quando se mexe no bolso, então, essa ojeriza toma ares de ódio eterno...
Vá a bons sebos ou livrarias barateiras! Tenho certeza que alguma obra caberá bem em seus critérios e não ofenderá o seu bolso!...
9) Tente conhecer pessoas que gostem de ler
É
um problema sério! Você tem amigos legais, que te chamam para toda
parte, gostam de sua companhia, estão sempre por perto para o que der e
vier. Só um problema, porém: nenhum deles gosta de ler!
Você
quer tomar o gosto pela leitura mas não serão eles que te incentivarão.
Vão estar sempre te "desencaminhando": "Aí, no próximo sábado vai ter
churrascada lá na casa do Beto!" ou outro programa que, com certeza,
eles sabem que você não resistirá.
Mantenha a
amizade. Amigos são joias que devemos guardar no cofre do coração. Mas
tente arrumar alguns conhecidos que gostem de ler.
Será
interessante porque essas pessoas reconhecerão a sua vontade de gostar
de ler e não te "tentarão" com coisas que você aprecie muito.
Ter apoio de gente leitora voraz é um ótimo passo para se ter a leitura como um de seus entretenimentos! 10) Não tenha preocupação em gostar de ler
Lembra-se do fator "obrigação"? Exatamente: não se sinta obrigado(a) a gostar de ler!
Existe por toda parte uma maneira um tanto preconceituosa
dos leitores mais entusiastas, de olhar por cima aqueles que confessaram não
apreciar ler.
Mesmo não parando para pensar, essas pessoas estão fazendo
do ato delicioso de ler, uma obrigação!
É ideal que todo mundo faça da leitura um hábito; bons
livros sempre abrem portas para uma nova forma de pensar.
Só que, se uma pessoa já começa a ler, imaginando: "Vou passar a gostar
de ler!", alguma coisa dentro dela travará..
Na primeira palavra que não entender, no primeiro parágrafo
que a desagradar, na primeira oportunidade de uma chateação que vier, se
sentirá desmotivada. Outro pensamento vai surgir: "Eu não nasci para ler.
Não tenho esse dom...".
Leia à vontade, sem amarra alguma.
A leitura não é prisão, é liberdade! Parafraseando Luís de Camões: "É estar-se preso por vontade".
Sim, grandes textos nos prendem, mas é uma doce prisão,
aquela que se alguém nos tirar dela, voltamos correndo para esta aconchegante
"cela"...
Em tempo: Gostaria de registrar o meu profundo lamento pela passagem de uma das minhas escritoras favoritas, a australiana Colleen McCullough, em janeiro de 2015.
Ela, com certeza, sublimou e sacramentou o meu gosto por leitura para sempre!
Para quem não sabe, é dela a obra-prima Pássaros Feridos.
(Imagem:
Fonte desconhecida
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