Um caos vindo do eu, deteriora os "eus" alheios.
Que ninguém se afugente da culpa, de em dedo em riste, apontar defeitos de outrem!
Metade das discussões acaloradas, vêm de nossas ignorâncias, o não aceitar-nos, embutindo no semelhante aquilo que não admitimos em nós mesmos...
Na balbúrdia mental, mora toda a problemática infeliz: se não se resolveu no ego, não se resolverá em dissenssões...
Martelo o flagelo por ter sido devida, embargo na falácia dos imorais, solto impropérios danosos, disfarço que estou superior, finjo que nada me aborrece!
Esmagada por dentro, sentindo latejar cada dor que expus; há alento em ser vitoriosa quando se discute e se vence?
A vitória no "falar mais alto" em nada consagra o meu destemor!...
Por que julgarmo-nos melhores num embate sem solução?
Não há máscara no nervosismo explosivo, embora muito quiséssemos enredar em fuga os pensamentos escondidos...
Grito que não preciso, alardeio a sonoridade do meu pensar alucinado, "Estou certa!", com vontade de errar, mas tanto, que urgisse a necessidade de pedir perdão...
Movida a destempero, numa catarse através da benevolência por ser ideológica, a faminta por valores, corroída e muda após a dança dos vencedores; o que sobrou dos meus brados adequados?
Jogo no lixo minha miserabilidade por ser correta!
Ingenuidade imaginar que sempre se vence, quando se vence!...
Ganhei, mas não levei! Como sou imoralmente 'legal'...
A sordidez em meus atos não se prende a palavreado intempestuoso; antes fosse apenas isso...
Ainda numa emboscada biltre, me considero exata o suficiente para continuar "ganhando" no jogo!
Cuspo na minha própria cara; sou pervertida ao me fantasiar de justa!
Cacareco de existir quando se magoa pessoas que se ama...
Não posso me considerar ajustada, ajuizada após qualquer acinte contra o meu semelhante!
Sou uma delinquente que, por motivos incógnitos, não teve a sua prisão decretada!
Quão doloroso é ter essa vitória 'menor'...
Tragam-me o fracasso, me levem o lançamento dos fonemas que esmagam!
Ardil indecoroso que me suga a alma, aquele que inventaram ser o da justiça!...
Se ao menos tivesse errado, se ao menos me socorresse a culpa dos arrogantes...
Contudo, meus gestos mais grotescos são traiçoeiramente corretos.
Não há vislumbre nessa luz da verdade, nem adesão nesse visgo que deveria colar...
Pedaços de mim largados na esquina de cada cômodo, que não me acomoda.
Seria desfaçatez abusiva arremessar ao tempo meus valores deflorados?
É o que tenho para me gabar...
Uma palavra anterior e a dilaceração de respeito não surgiria; com o pensamento que não nega, é humanamente impossível não chorar as lágrimas da memória que não nos deixa mentir...
Embasamento para trazer arrependimento é somente quando se perde; entretanto, quem é que perde, quando se é quem conta a história?
Resoluta por ser lutadora, uma luta néscia já que não me traz a tranquilidade dos justos!
Não sou aquela que mata, rouba, bate e magoa.
E se ser coerente é ser conivente com a política correta, encabeço a lista.
E por que, no auge do esmaecimento de limites, o espinho vocabular derruba todos os ajustes de bom comportamento, enfiando a faca do dizer deplorável, fazendo de mim uma algoz tristonha, sentindo-se desgraçada porque tinha a opção de ter evitado, nada fez, uma firmeza num gozo fragmentado de que poderia derrotar?
Não há vencedor numa guerra de vítimas!
Todos nós cavucamos terras de nada, se quisermos suplantar.
O vazio daquele que vence é o mesmo dos plácidos cabritos colocados sob o sol, sem água, comida ressecada de mato e imundície...
Eu me desafio a partir de agora a não mais calar outras vozes!
À parte da jogatina humilhante, me encaixo na alienação.
Quem quiser que esbraveje, que ganhe no grito, e se sinta inferior ao derrotado!
Eu me chamo para uma luta silenciosa em que haja mais paciência para o alcance de alvo.
Interna e vertiginosa, uma guerra apaziguadora, que me traga deleite.
Aprendi a duras intempéries da alma, que não há calor numa chuva devastadora de ideais porque o frescor vindo, não poderia mesmo aquecer coração chamuscado de busca.
Se quero melhorar, que eu não atrapalhe a cura dos outros; todos somos contadores de história e embaça os olhos, a chance de se terminar vitorioso no final.
Estou assim, tomada momentaneamente de regozijo!
Admitir que fracassei ao ganhar, é sentir que a humanidade não se foi de mim, pertenço à nobre classe dos imperfeitos!
Há uma luz que lateja em algum lugar, mostrando que o caminho não precisa tomar partido dos retos; meu erro é acerto.
O brilho que vem de mim é ineficaz, mal me ilumina, e a justiça da mente explode em devaneios utópicos.
Se ele é fraco, ao menos, vem de uma vitória verídica, aquela que nasceu e cresceu em mim, sem precisar deteriorar ou ultrapassar ninguém porque venci a mim mesma, no primor inconsequente de querer ser melhor que outros!
Antes de ser superior aos meus semelhantes, devo antes sublimar meu inimigo interno, feito de embuste ordinário.
Orgulho e vaidade, sentimentos deteriorantes que coexistem com a vontade de vencer.
Eu os extingo, então, me faço valer!
Vitórias assim, não precisam de troféus...
(Imagem:
http://desbloqueandopotencial.blogspot.com
Edição de imagem:
http://marymiranda-fatosdefato.blogspot.com)
8 comentários:
Meu amigo Glauco, do diHITT, fez um excelente comentário por lá, que eu resolvi trazê-lo para o Fatos de Fato:
"Amiga,
Boa tarde.
Belissimo texto.
Há um escritor famoso que mencionou que a única forma de ganharmos uma discussão é a evitando...
E, se todos somos imperfeitos, quem poderá afirmar com certeza que tem razão naquilo que defende, e que o erro é do nosso semelhante?
A vida muitas vezes nos prova o contrário.
Super parabéns pela postagem.
Abs.,
Glauco"
Eu, Mary, o respondi assim:
"Oi, Glauco, meu amigo!
Não há definição melhor para uma vitoriosa discussão, do que aquela que foi evitada!
Já senti várias vezes na pele o quanto é triste vencer uma luta verbal porque, para se ganhar, foram necessárias muitas alterações de voz, xingamentos, dor nos olhos do nosso próximo...
Isso é ganhar?
Por isso endosso o que você disse, que não se sabe quem está certo, portanto, deve-se mesmo evitar o debate inútil...
Abração!
Obrigadíssima pelo maravilhoso comentário!
Mary:)"
Oi Alteza, minha admirável amiga e escritora!
Antes de iniciar, com licença, mas preciso soltar um sonoro: UAUUUU!!!!
Demorei para chegar aqui, mas ainda bem que pude vir num momento tranquilo, possível de saborear uma leitura PERFEITA e completa, uma reflexão daquelas que me deixaria horas e horas conversando comigo mesma!!! UAUUU!
Alteza, estou curvada aqui, novamente, diante de sua majestosa escrita!
Classe... isso é para quem detém o título de majestade... E é classe que você tem ao escrever e demonstrar a grandeza que não vem de títulos, mas de caráter e conduta! Admiro DEMAIS isso nas pessoas e não é à toa que a admiro!
Não sei por onde começar... minha cabeça ferve aqui diante de tantas linhas muito bem elaboradas... Vou comentar, como sempre, com o meu coração, tentando colocar o que sinto, penso e onde cheguei com essa belíssima literatura...
Amiga, meu pai sempre (sempre mesmo!) dizia que quando um não quer, dois não brigam! Na verdade, em sua ignorância verbal, mas sabedoria humana, ele dizia: "Quando um não 'qué', dois não 'briga'"... rsrs... Passei anos assistindo às diversas e calorosas brigas entre ele e minha mãe e me perguntava a razão dele não aplicar aquilo que me ensinava... Por que tal frase deveria servir para mim, se ele mesmo não era capaz de me mostrar em exemplo de conduta? Um dia, a discussão foi MUITO FEIA e meu pai , infelizmente, ficou preso por uma noite na delegacia da região que eu morava... (longa história, um dia te conto!)... Fiquei tão triste, desamparada, perdida, aflita por estar vivendo aquilo tudo, que não dormi e passei a noite e madrugada em claros na sala, aguardando o momento de seu retorno (o delegado me prometera que o liberaria bem cedo!). Quando meu pai chegou, claro que a primeira coisa que fiz, foi dar-lhe um caloroso abraço e dizer-lhe que eu estava ali, mesmo não concordando com o ocorrido, mas que estava ali...amor incondicional!Tivemos a chance de ter uma conversa que nunca havíamos tido em todos os anos de minha vida e aí aproveitei a oportunidade para perguntar-lhe o que estava me angustiando... a tal frase! Foi aí que meu pai me disse o que quero comentar...(poxa, que introdução! rsrs):
Disse-me que ele não mudava mais, pois tinha em sua alma as amarguras e contaminações da vida, mas que eu ainda era nova e saberia fazer dessa frase um melhor uso. Cada vez que surgia a oportunidade de brigar com minha mãe, mesmo a amando muito, o "instinto" dele não permitia que ele se colocasse numa posição inferior, então ele lutava para impor sua força! Ele disse que no final de cada briga ele sempre se sentia mais fraco e imbecil, porque não poderia haver vitória alguma quando brigamos e perdemos a razão... Lutar pelos direitos ou defender uma opinião são coisas que devemos preservar no espírito de justiça; porém, quando agredimos e partimos para a briga de fato, deixamos a razão soterrada e a perdemos em cada palavra proferida... Não há vitória e sequer troféu (como você bem escreveu) quando entramos no campo do ataque!
Foi isso que meu pai, em seu jeito simples e "ignorante" me ensinou sobre embates...
Acho, nos meus 41 anos de idade, que quanto mais armados andamos, mais chances de nos machucar temos... Porque armaduras são duras e não flexíveis e a falta de flexibilidade nos provoca mais hematomas do que a briga em si...
Enfim, Alteza, preciso parar...kkkkkkkk...senão deixou um post no seu post! Mas, acredito que você percebeu o quanto AMEI esse texto (está no meu ranking pessoal!!!) e o quanto me abriu para as lembranças e reflexões, além de resgatar em mim um sentimento que, talvez, estivesse adormecido... "Quando um não quer, dois não brigam!"...
AMEI, AMEI, AMEI!!!
PA-RA-BÉNS!!!! Alteza, amada!
Grande beijo,
Jackie
Olá, minha doce Fênix do Bem, minha querida amiga e sempre, sempre muito bem- vinda!
Como sempre, amiga minha, seu comentário SÓ ACRESCENTA AO POST, enobrece e envaidece essa Alteza Imodesta aqui...
Pena, meu doce, que a maioria de nós não leve a sério o que a boca e a razão dizem...
Seu pai foi de um virtuosismo impressionante ao explicar que ele já estava 'maduro' para aprender mas que você, por ser bem nova, poderia crescer nesse sentido, de evitar as brigas.
Mas não adianta sabermos dessas intrigas evitáveis, se não colocamos na mente que iremos mudar!
Volta e meia, amiga, me vejo envolvida nessas 'pendengas', discussões imbecis, e sempre 'venço'!
E com qual dor te digo isso, porque fico tão arrasada...
Às vezes me falta até o sono!
Agora estou motivada emocionalmente a evitar, com toda a força, de agredir verbalmente alguém, estando ou não eu com a razão!
É-me tão dilacerantemente deprimente ver que consegui mostrar que estava certa, mas a que preço, né? As lágrimas escorrendo soltas pela face...
Essa história de sua família muito me tocou; como pode magoarmos logo quem amamos?
Infelizmente, é o que mais acontece, quando damos asas a essas divergências destruidoras...
A vitória maior, como diria Platão, é quando vencemos a nós mesmos e eu, como você sabe, adoro um desafio ( isso me motiva mais que tudo! rsrsrs), coloquei na mente que vou correr de discussões ( é um desafio pra mim!) porque sei que isso não leva a nada, só a dor e tristeza...
Meu obrigada, minha linda, pelo comentário grandioso, pela indicação lá no diHITT e pela amizade!
Te agradeço por tudo, Fênix!
Nunca me cansarei de dizer que você sempre me honra com a sua nobre presença!
Reverências mil pra ti!
Beijos,
Mary:)
As lutas silenciosas são as mais edificantes.
É que num mundo onde todos fazem barulhos e ganham no grito o silêncio quase sempre passa despercebido.
Agressões nunca levaram a nada, enquanto que palavras bem ditas, talvez, benditas, sempre conseguem desarmar.
Seu texto é muito bem escrito e com palavras muito bem escolhidas.
Acho que serve na íntegra para todos nós.
Um grande abraço!!!
Oi, Malu!
É o que, penosamente, aprendi nos últimos tempos, amiga, que o silêncio é mais proveitoso que os gritos castradores de opiniões alheias...
Nunca vi discussões acaloradas que levassem a algum lugar!
Que poder tem a fala mansa, coerente, edificante, objetiva...
Isso é o que devemos trazer em nossas almas, coladas feito tatuagem, que através da brandura de ações, podemos trazer luz a qualquer enfoque!
Muitíssima obrigada por ter gostado do post e pelo comentário inteligente!
Um abraço da Mary pra você! :)
Oi minha flor Mary... como sempre um texto forte, reflexivo e explosivo!
Sabe amiga, quando moça (até meus 19/20 anos) eu era daquelas que queria ganhar uma discusão, briga ou o qeu fosse... e tinha (e tenho) forte poder de argumentação, achava interessante argumentar e derrubar o adversário, mas isto não me fazia uma pessoa melhor, apenas uma pessoas irritante... Aí conheci uma pessoa com muito mais argumentos que eu, mas que nunca seguiu comigo em uma discusão, quando ele percebia que eu me arvorava para vencer, com toda calma e elegãncia mudava de assunto e saia de perto de mim.... Nossa no começo isto me irritava profundamente, depois comecei a me questionar o porque, e por fim engolindo o imenso orgulho que tinha na época perguntei pra ele o porque fazia isto. Esta foi a resposta: -Val, você não está disposta a me ouvir e junto comigo chegar a algum lugar diferente das nossas crenças arraigadas, o qeu você quer é vencer a discussão. Eu já passei desta fase, prefiro apenas esperar!
Amiga foi a mais forte lição qeu recebi, na quele momento percebi o quanto eu apenas usava meu poder de argumentação, sem sequer utilizá-lo comigo.
Hoje não sou dada a discussões, brigas, quando percebo que vai virar para este lado, faço o mesmo que meu guru de outrora, silêncio, ouço e com toda a educação possível mudo de assunto! E hoje me sinto forte quando assim reajo! Se vitoriosa? Não sei, hoje eu busco os aprendizados que podem me levar a vitória, e não o contrário!
Beijo imenso em seu coração
Val, amiga flor e querida!
Lição maravilhosa você aprendeu, meu doce, e cedo, coisa que não me aconteceu há mais tempo, infelizmente!
Sempre tive uma mania feia de achar que o que digo é o certo, e todos devem acatar.
Quando isso não ocorre, altero voz, gesticulo, uso argumentos passados, 'apelo' de todas as formas para vencer!
Só que isso sempre me custou a paz de espírito (após uma discussão, eu me sinto um lixo!), ainda que tenha combatido e ganhado a luta!
É através da dor que venço e não há felicidade alguma nisso...
Magoar pessoas que quero bem, ferindo-as em suas fraquezas, me levava a um estado de amargura tal, que passei a refletir sobre meu comportamento.
Discussão acalorada não é de Deus!
Ofender pessoas, usar termos de baixo calão para atingir outrem, também não.
Portanto, me fiz uma jura de que não mais entrarei em embate, qualquer coisa que desmorone quem quer que seja!
E não estou fazendo isso nem por amor ao próximo!
É pela minha saúde emocional mesmo!...
Eu poderia vir com discurso politicamente correto dizendo que porque adoro as pessoas, não quero discutir.
Mas o caso é que quero sentir a paz em seus olhares; quero me sentir tranquila para ver-lhes o sorriso de novo!
Sua retórica de que nossas 'vitórias' não nos fazem vencedores, mas apenas irrritantes, é COMPLETA!
É horrível sentirmos que as pessoas só nos suportam porque 'vencemos no grito', não porque há prazer em nossa companhia...
Vitórias, de fato, dispensáveis, não é mesmo?
Beijos, minha querida!
Seu comentário foi tão bom, mas tanto, que quase escrevi um outro post aqui!
rsrsrs
Adoro nossas conversas!!!!
Mary:)
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