segunda-feira, 20 de junho de 2011
Segredos de família
Segredo, do latim secretus, significa "à parte, isolado".
Assim tratamos nossos assuntinhos particulares: isoladamente, às escondidas, empurrando para cá, jogando para lá, só para ver se alguém esquece ou não descobre...
Embora muitos de nós tenhamos nossos "segredinhos", poucos deles vão além de alguns anos de esconderijo pois, em sua maioria, não são tão monstruosos ao ponto de haver a necessidade das "sete chaves"!
Contudo, existem aqueles que não deturpam a personalidade, nem a moral, só que seria muito bom se eles continuassem guardados...
Aparentemente tolos, dois dos alguns exemplos dentro da minha própria família, exponho adiante, que se arrastaram por décadas e, pelo tempo, tomaram ares de "inconfessáveis"!
1) Minha mãe ficou entre a vida e a morte nos primeiros dias de vida, sem que ninguém lhe contasse o motivo
Temos em comum, minha mãe e eu, além do amor aos animais, gostar de ver novelas e "paixonite" por Paul MacCartney (Feliz aniversário, Paul!), o fato de sermos caçulas.
Bem pequena, já era o xodozinho da família e todo mundo queria pegá-la.
Numa dessas atirações em colos desavisados, sua queda ao chão fora quase fatal!
Cresceu, casou, teve filhos, ficamos todos adultos, sem que ela soubesse o que ocorrera para a sua "vida e morte" infantil (nem que houve uma queda lhe contavam!).
Até que um tio explicou - entre uma cerveja e outra - que um outro irmão deles, de 12 anos, foi quem a segurara de mal jeito, permitindo seu tombo.
Alegou que ninguém queria lhe contar porque temiam que ela guardasse mágoas do irmão e que não mais mantivessem boa convivência.
Não ficou magoada, é verdade, mas durante um bom tempo, martelava (depois, passou, graças a Deus...):
-Eu quase morri por culpa dele...
2) Minha tia de afinidade "se perdeu" com o ex-noivo, mas se fingiu de virgem
Nos tempos de juventude dos meus pais e tios, tudo era "pecado" e moça decente não mantinha relações sexuais antes do casamento.
Meu tio não era diferente dos outros e exigiu virgindade da futura esposa.
Na noite de núpcias ele descobriu, pelo meio óbvio (apenas 10% das mulheres possuem hímem complacente...), que "virgem" não era o termo mais correto a ser usado para sua querida mulher...
Tentou devolvê-la aos pais (isso mesmo!!!!) no dia seguinte, por não ser considerada "mulher honesta"!
Em sua defesa, ela afirmou que caíra de uma goiabeira...
Mesmo sabendo que ninguém havia engolido essa história, arrastou a mentira por anos a fio até, finalmente, confessar o "crime hediondo": havia se entregado ao ex-noivo bem antes de conhecer meu tio!
Só por ironia (como a vida tem dessas coisas!) meu tio se recusara, na juventude, a se casar com uma moça que era o seu amor de todo o sempre, exatamente por ela ter sido sincera: lhe confessara haver "se perdido" com um rapaz, antigo namorado.
Meu tio, inesquecível e já falecido, jamais se perdoou pela injustiça (chorava até, corroído pelo arrependimento...).
No mundo das celebridades, sei de um segredo digno de filme, e daqueles estilo "drama 3D": o do ator Jack Nicholson!
O fantástico Coringa, de Batman Forever, não era filho de quem pensava!
Sua mãe verdadeira era a sua julgada irmã, enquanto que crescera chamando a avó de mãe!
Só veio a saber a verdade quando adulto; mas ambas jamais lhe disseram quem seria o pai... (Coisas de época: naquele tempo era tratada como vadia, a mulher solteira que tinha filho cujo pai não assumisse a paternidade...)
Segredos de família... Todas elas têm!
Nelson Rodrigues quem adorava falar deles e sempre dizia, com outra colocação de letras, que família foi feita para ser fonte inesgotável para a dramaturgia obscura.
(Quem não assistiu ao filme Álbum de família que o veja, e diga se ele não estava certo!)
E então?
Sua família também tem seus segredos inconfessáveis?
(Imagem:
Fonte desconhecida
Edição de imagem:
http://marymiranda-fatosdefato.blogspot.com)
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17 comentários:
Oi minha querida Alteza!
Eu acho que todos nós, assim como as famílias, têm os seus segredos...claro! Aliás, esses mistérios que nos levam à muitas buscas pelas quais fazemos por toda a vida...
Nós temos algo em família que tornou-se um martírio por muito tempo. Minha mãe não sabe quem é o pai dela! Isso mesmo! E a minha avó não revela isso nem sob tortura! Passamos anos tentando confortar a minha mãe, mas isso sempre foi uma missão pra ela e por isso não consegue se desprender de seu passado, pois sequer sabe de sua origem! Então, é complexo quando alguns segredos acabam se transformando em explicações para a própria existência!
Escrevi recentemente, você sabe, sobre as chaves que trancam nossos segredos nos porões... E isso nem foi por causa da minha mãe, porque eu mesma passei anos tentando fugir não dos segredos, mas das minhas verdades... E, infelizmente, quando deixamos de admiti-las, passamos a construir uma vida baseada não em mentiras, eu diria, mas em meias verdades... Quando fugimos do passado, tentando ocultar aquilo que, talvez, seja a chave para a nossa liberdade ou perdão, vivemos sob tortura emocional... E não podemos julgar nossos erros tão imperdoáveis assim ao ponto de nos limitarmos a uma vida feliz e promissora, não é? Acho que todos cometemos erros (imperdoáveis ou não), mas temos que ter uma transparência conosco, afinal, quando nos deitamos e ficamos a sós com o próprio "eu", as verdades aparecem e são elas que nos dizem quem, de fato, somos... E, para mim, principalmente hoje, não há nada pior do que fugirmos da própria essência.
Por isso, amiga, mesmo que doa muito, tento sempre encontrar essas chaves e abrir esses compartimentos para libertar tudo aquilo que me impeça de ser feliz e me faça ver quem eu sou.
Sabemos que o perdão é um dos atos mais dignos que podemos ter! E não é apenas perdoar aos outros, mas principalmente a nós mesmos!
Grande beijo , lindona! Como sempre, seu texto me fez refletir muito e me deu uma chave preciosa para abrir um pouco mais de mim...
Obrigada!
Jackie
Oi Flor... que texto delicioso de se ler... mas isto não é nenhum segredo né?!
Olha, eu acho que minha familia tem segredos tão inconfessáveis, que eu mesma não sei de nenhum.....kkkkkkkkkkk
Acredito que todas as familias deste mundo tenham segredos, mas acredito que o maior segredo de todos é que todos sabem e nada dizem....kkkkkkkkkkkk
Sabe aquela história de eu faço de conta que não sei e você faz de conta que acredita que eu não sei??????? Isto claro entre os não envolvidos na história, porque os envolvidos sempre são os últimos a saber que todos sabiam! Que rolo né?! Mas familia é assim, em toda parte do mundo.... só muda mesmo o endereço!
Beijo no coração
Adorei! Gosto muito da forma como vc escreve. Parabéns!
Fênix do Bem, minha querida Ave Redentora e Estimada!
Como boa Fênix que é, Jackie, acredito que você sempre veja a vida sob outros prismas,sendo qualquer dor, um impulso para o recomeço!
Digo isso, querida, pelo relato do segredo de sua avó.
Por mais que seja doloroso a ela contar-lhes a verdade, é mais doloroso a sua mãe, pelo desconhecimento da proporção da própria dor!
Não sou conselheira - longe disso!-, mas creio que sua avó deveria dar a opção de 'sofrimento' à filha, ou seja, ela mesma analisar se a informação é ruim ou não, fazendo desse conhecimento o que quisesse, perdoando (outro enfoque excelente seu, o do perdão), conforme preparo espiritual de cada um.
Acho que segredo bom é o '8 ou 80': ou aparece logo ou não aparece nunca! (Não vê minha mãe, amargurada durante anos por algo que ela poderia sofrer antes e rapidamente, mas os familiares 'empurraram' a informação durante décadas?)
Devo ressaltar que o que você disse é tão valoroso, me levando a repetir aqui: 'E, para mim, principalmente hoje, não há nada pior do que fugirmos da própria essência.'
Penso também assim, amiga, que coisas que escondemos, nossos pecados guardados e inconfessáveis fazem parte do que somos, de nossas verdades!
São da história, são do passado, mas são verdades; podemos fazer o que diante disso, não é mesmo?
E para bem ou para mal, todas as famílias carregam essa pecha desconcertante do 'segredo inconfessável'...
Realmente é de suma importância as chaves que abrem os grilhões que nos prendem a esses segredos!...
Mil beijos, querida!
Sua vinda e reflexão só me fizeram bem!
Eu quem agradeço!!!!
Mary:)
Flor Val, minha amiga!
Assim é melhor, Valzinha, você não sabe nem se existe ou não!...
Porque se existir algum segredo na sua família que nem um cochicho por alto você tenha escutado, é sinal que é 'segredo cabeludo'! (Aí é brabo! rsrsrs)
De fato os envolvidos ou 'vítimas' do mistério são os últimos a saber!
E famílias - concordo! - só mudam mesmo é de endereço...
Quer dizer, nem todas, porque há casos de família onde três ou quatro moram no mesmo quintal! (Alguém merece isso? rsrsrs)
Beijos!
Adorei sua vinda, como sempre!!!!
Mary:)
Marcela, agradável visita a sua, sempre!
Muitíssimo obrigada pelo elogio, viu?
Serve de incentivo para eu continuar seguindo!
Beijos,
Mary:)
Ah, José, essa dos esqueletos foi ótima!!!! rsrsrs
Mas é bom por aí mesmo, esses segredos guardados que, quando cismam de surgir, saem atropelando geral!
Sinceramente, até hoje, nunca vi famílias sem segredo!!!!
É uma joça você ficar achando uma coisa a vida toda, ou querendo saber algo, e ninguém 'abre'...
Pelo jeito seus 'esqueletinhos' são bem feinhos porque precisa de algum profissional para eles saírem do 'armário'! rsrsrs
Não sei se você vai concordar, mas até que virou charme, as famílias guardarem segredos.
Deve ser extremamente prazeroso, para o detentor da chave do mistério, virar para a 'vítima' e dizer: 'Tenho uma coisa para te revelar...', deixando o outro aterrorizado! (Naturalmente que estou sendo irônica! kkkkk)
Obrigada pelo comentário tão divinamente apreciável e de agradável leitura!
Abração,
Mary:)
P.S.: (Percebi que você também se amarra em 'post scriptum! rsrs)O filme com o Mastroianni não vi, mas me deixou curiosa para saber o enredo... É fácil encontrá-lo para eu comprar o DVD?
Olá Mary, segredos todos nós acho que temos,muito guardamos para não magoar, outros depende da situação,mas a verdade tem sua hora, há casos que mais tarde tomamos coragem e contamos.Linda postagem.
Beijo.
Muito bom, Fátima, você ter tocado nesse assunto...
Você tem razão, sim!
Muitas vezes as pessoas guardam os segredos mais para protegerem o outro do que por causa própria.
E às vezes passa tanto tempo, que eles acabam perdendo a importância, como você falou, no que concordei!
Segredos todo mundo tem, só devemos avaliar se vale a pena guardá-los ou não...
Beijos, querida!
Obrigada pelo fantástico comentário!!!!
Mary:)
Mary querida!
Eis aí lançado um tema bastante amplo e importante!
E me faz relembrar algumas questões muito valiosas e que sempre valorizei.
Muitas vezes, não são os segredos que não são contados e sim toda uma riqueza de acontecimentos do passado.
Nua grande maioria de famílias parece que as pessoas não têm passado, pois os seus antecessores não possuem o habito agradabilíssimo que fazerem rodas de conversas e com riqueza de comentários sobre “causos”, aventuras e até penúrias que tenham experimentado.
Sei de muitas pessoas que desconhecem a vida pregressa dos avos e até dos pais. Um passado sem maldades ou pecados, mas apenas ricos em memórias que certamente muito influem no presente de tonos nós.
Em minha família o que não falta são comentários em abundancia e quem sabe até eu venha a acrescentar nas histórias que comecei a contar sobre minhas viagens. Me deste uma grande ideia. Valeu!
Belíssimo texto e tema!
Um grande beijo!
Flora!
Bem que dizem, Flora, que é conversando que a gente se entende...
Mais uma visão fantástica trazida aqui, de uma amplitude impressionante!
Antes mesmo de serem 'segredos', essas particularidades de toda família devem ser encaradas como história, conhecimento e sabedoria do passado que podem ajudar as gerações futuras!
Sou dessas sortudas que sei sobre meu histórico familiar até quatro gerações antes da minha, coisa que, conversando com algumas pessoas, descobri que não sabem nem sobre avós... (Devo concordar que você está coberta de razão!)
Alguns são segredos, outros fatos interessantes e outros mais, fatos engraçados.
Sejam bons ou ruins, segredos ou não, assuntos de família são sempre bases verídicas para uma formação mais edificante do ser!
Obrigadíssima pela magistral participação através de um comentário que só veio a somar!
Sinto-me honrada por te fornecer ideia plausível de aceitação!
Beijos,
Mary:)
Mary,
Há um ditado que diz que quando mais de uma pessoa sabe o segredo, deixa de ser segredo. Conforme você disse, todos temos os nossos. Quase sempre, o segredo nem é cabeludo, nós é que o fazemos.
Na minha família, obviamente, há vários. Parece que o segredo no ambiente familiar é uma instituição; por isso, sempre serviu de inspiração para autores como Nelson Rodrigues (citado por você), Clarice Lispector e Mário de Andrade. E novelistas – principalmente Manoel Carlos.
Eu e meu irmão somos muito parecidos – por isso nos damos tão bem. Nós sempre rimos dos segredos de nossa família. Alguns dos integrantes dela fazem determinadas coisas tendo consciência de que os demais sabem. Mas aí, é aquela coisa: “um finge que não sabe o segredo do outro, e o outro finge não saber o segredo do um”. Eu e meu irmão brincamos com nossa própria realidade. Se há algo que não queremos que os familiares saibam a nosso respeito e acabam descobrindo, falamos, sim, sem pestanejar e com muito humor. Isso incomoda outros parentes, pois temem que façamos o mesmo com o segredo deles.
Aliás, meu conto “Amigo Secreto na Roça” teve como inspiração, um desses “causos” reais de minha família. Mudei apenas os nomes dos personagens. Aqui está o link:
http://www.ponderantes.com.br/2009/10/amigo-secreto-na-roca.html
Beijão, Mary, e ótimo feriadão.
P.S.: Respondendo à sua pergunta: sou do signo de capricórnio. E qual é o seu?
Mary
Isso é verdade, todos temos segredos.
Valdeir, meu querido!
Já na imagem que postei no texto, um pensamento do Benjamin Franklin confirma bem o que você disse: 'Três pessoas são capazes de guardar um segredo, se duas delas estiverem mortas...'
Adorei o termo que usou 'instituição', para definir os segredos familiares (parece que é até regra: toda família tem!).
Prato cheio para os escritores dramáticos, falar de problemáticas familiares porque seus mistérios parecem infinitos!
Essa coisa de 'Você finge que me engana e eu finjo que acredito!' rola muito em toda família (tem uns segredinhos mais 'inconfessáveis' por aqui, que finjo que nem sequer desconfio! rsrsrs)
Acho que os irmãos servem pra isso, para serem solidários - por proximidade de idade ou pensamentos em comum - quando temos que guardar certas particularidades...
Vou dar uma lida, mais calmamente, no seu post. (Já guardei aqui nos Favoritos!)
Beijos e um feriadão pleno pra ti também!
Mary:)
P.S.: Capricorniana também... Acho que estamos na profissão certa, não? Professores natos! kkkk
Qualquer hora, se você quiser, faça o seu mapa astral e me diga seu ascendente!
Eu tenho um post sobre isso! (Dê-me um tempinho para achar o link... rsrsrs)
P.S. II: Acabei de achar! Aqui está: http://marymiranda-fatosdefato.blogspot.com/2010/10/faca-o-seu-mapa-astral.html
Com certeza, Catarino!
Os segredos existem e devemos aprender a como lidar com eles!
Abraços,
Mary:)
Querida Mary, maravilhosos seu texto.
Podemos ver que o preconceito muitas vezes arruina coisas em nossas vidas que poderiam ser boas, mas que muitas vezes não acontecem pelos tabus impostos pela sociedade.
Hoje creio que ainda existam muitos preconceitos, só que mais velados.
Na minha família também tem segredos inconfessáveis também..rs
Eu acho que por mais bem guardado um dia os segredos de família são descobertos, pq quando aquela pessoa se vai sempre tem um pra contar a verdadeira história...
Mas graças a Deus seu tio se deu a oportunidade de ser feliz.
Tento fazer isso em minha vida, ser feliz com as pequenas coisas, tentando fazer delas grandes momentos.
Bjus
Kátia, tudo bem?
Também acho que os segredos são empurrados enquanto podem ser, até chegar a um ponto insustentável...
Exatamente!
Por preconceitos tolos ou por medo de magoar alguém, muitos dos segredos não vêm à tona, o que é uma pena porque é justo que aquele que não sabe a resposta, tenha conhecimento dela!
Meu tio até que tentou, mas ele jamais se perdoou de verdade por ter desprezado o grande amor de sua vida por preconceito imbecil.
Como 'castigo', vamos dizer assim, a vida colocou em seu caminho uma mulher também não virgem para ele se casar, tendo que conviver com a dúvida durante anos e anos...
'A vida é o que é, e não o que poderia ser', diz um ditado, e temos que encarar os fatos como eles são, embora muitos de nós não aguentemos a verdade...
Bom que tenha gostado, querida!
Meu profundo agradecimento!!!!
Beijos,
Mary:)
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