domingo, 6 de setembro de 2015
Recebendo "aquele abraço"
Um abraço não é só o aperto dos braços em torno do alvo de nossa afetividade.
Abraço quer dizer bem mais... Quando enviamos um abraço para alguém, quer dizer que, mesmo às vezes longe, nos lembramos das pessoas das quais gostamos, de seres que serpenteiam nossos pensamentos de alguma maneira.
Apresentando o programa Rock, Pop Entre Outros Sons, pela Bicuda FM 98, 7 (também pelo site pode ser ouvida: www.bicuda.org.br), notei a profundidade desse "aperto de braços à distância".
É tão importante para mim enviar essa lembrança... E quem recebe, imagino que fique contente. Eu, quando o recebo, me sinto a dona do mundo! A vaidade nasce ali, naquela hora. Como é bom ser lembrada!...
Nunca pensei que isso acrescentasse alguma coisa... "É 'só' um abraço", pensava eu.
Mas e o por "trás da cena" da coisa? Não, não é só um abraço. Vai além: alguns bons momentos você parou o que fazia para se referir a alguém, mencionar o nome, falar algo de louvável daquela pessoa, e qual o ex- Ministro da Cultura Gilberto Gil, enviar "aquele abraço" para o ser que foi pego de surpresa muitas vezes, sua audição meio distraída captando a descoberta.
De vez em quando falo no ar que a Rádio Bicuda é uma estação para se abraçar, de tão fofa que é. Um ambiente gostoso de se ficar, aconchegante feito abraço de mãe.
Indo mais longe, animais também abraçam. E como abraçam até a nossa alma!...
Eu moro na casa de meu irmão Henrique.
Aqui tenho três gatinhas: Ursinha, LaBelle e Princesinha.
No entanto, a três casas daqui, mora meu irmão mais velho Washington e meu pai, e lá, para mais quatro gatos eu dedico o meu carinho: PBzinho, Nina, Beto e Preutinha.
Por motivo da correria do meu cotidiano, não tenho ido ver os bichanos; mais precisamente há dois meses não os via. Isso me incomodava um bocado.
Eles são tão meus quanto as gatinhas daqui, embora recebam todo o cuidado e carinho do meu mano Washington, que é bem afetuoso com os bichanos.
Hoje eu tirei o dia para ir vê-los. Meio temerosa fui (achava que não se lembrassem mais de mim). Logo quando cheguei, meu temor foi confirmado: PBzinho foi o que mais "espumou" quando me viu! Ainda por cima, correu feito louco...
Beto não reagiu quase nada diferente, Preutinha me olhou como se eu fosse uma invasora inóspita, e Nina, a única que me recepcionou a contento, miando de cima de muro, dizendo o seu característico:"Olá!".
Uma tristeza começava me invadir. Não criei aqueles gatinhos para me estranharem desse jeito.
Levei ração, coloquei nos comedouros, e foram se aproximando aos poucos. Beto não demorou muito, aceitou meus afagos. Preutinha também mostrou-se amistosa.
PBzinho foi o mais renitente.
Estava eu na porta, olhando para o quintal, quando PBzinho miou alto. Fui chegando perto, ressabiada ; claro, não sabia o que ele queria. Fui lhe chamando o nome e, como já imaginava, o sapeca malhado bicolor (PBzinho quer dizer isso: "P" de preto; "B" de branco) reconheceu minha voz.
Então esparramou-se no chão e deixou que lhe acariciasse. Pronto! Nosso vínculo de amizade foi restabelecido. Pulou no meu colo e "massageou" minha perna, no consagrado "amassar pãezinhos", tão disseminado por felinos domésticos, como se fosse parte de algum manual montado por eles próprios, de transparecer doçura e mistério ao mesmo tempo.
PBzinho me abraçou. Do jeito dele, naturalmente. Tratando-me com aquele calor, eu recebia o seu abraço mais cálido.
Nos fundos da casa, ficam os comedouros, e ele miou de um modo, como dissesse: "Vou fazer uma 'boquinha'. Quer me acompanhar?" Só sossegou quando para lá me direcionei.
Depois roçou seu corpinho esguio pelas cadeiras, me tratando como seres humanos fazem quando recebem visitas amigas de longa data, que há muito não aparecem: queria ser o mais agradável possível.
Ao vir embora, ficou o preto e branco me olhando, parecendo perguntar: "Quando você volta?"
Eu lhe prometi, como se compreendesse minhas palavras: "Agora não vou demorar muito pra retornar. Pode acreditar, PB!"
Dei "aquele abraço" nele (abraços fisicos em gatos inclui pegá-los no colo, acariciar-lhes as orelhas e a cabeça, além de apertarmos seus corpinhos com o maior aconchego possível). Já tinha dado nos outros mas, naquela criaturinha, foi especial. Ele é meu pequeno amigo, e se destaca pelo entendimento humano de algo tão abstrato que é a amizade.
Esse é um desses grandes dias que aprendo mais um pouco e sinto mais um pouco.
Recebi um abraço. Fui lembrada; senti-me prestigiada.
Vaidosa, meio dona do mundo, ainda que esse mundo seja o meu pequenino espaço com seres que tanto aprecio.
Essa que aqui escreve está se sentindo abraçada pela vida, pelo futuro, pela sutileza de tão-somente sentir.
É assim. As coisas são o que são porque ainda existe lógica em vibrar com esses simples momentos, em uma paz solícita.
Boba, eu? Talvez. Mas uma boba feliz. Eu recebi um abraço do meu amigo PB. E ele recebeu o meu.
E abraços são tão generosos assim: porque só têm graça exatamente por serem recíprocos.
Que venham outros abraços quais esse!
Porque, além de generosos, abraços são viciantes também...
(Imagem:
Fonte desconhecida)
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